Joaquim Costa nunca sentiu tanto orgulho da farda que enverga como agora. O sangue frio e a presença de espírito permitiram-lhe salvar um homem que se preparava para tentar por cobro à vida, lançando-se de um viaduto da variante de Braga. Joaquim Costa é bombeiro há dez anos, na corporação de Vila Verde e diz que esta passagem o marcou "profundamente".
Corpo do artigo
"Regressava a Vila Verde, após um serviço de transporte de um doente ao hospital de Braga. Na zona de Infias, reparei que estava um homem junto à grade e abrandei. Pelo retrovisor reparei que ele estava a subir para a grade e puxei logo o travão de mão", relembra Joaquim Costa. Ao primeiro impulso seguiu-se a acção, dialogando sempre com o indivíduo até chegar perto.
"Saltei o rail e deitei-lhe a mão. Nunca mais o larguei, até que o meti na ambulância e deixei que se acalmasse. Ele não parava de chorar. Dizia que tinha perdido a filha de quatro anos, num acidente de viação e que a mãe lhe morrera recentemente", conta o bombeiro Joaquim Costa.
O homem, de 40 anos e natural de Ponte da Barca, revelou-lhe que já não fazia uma refeição decente há muito tempo, pelo que o bombeiro prontificou-se a acompanhá-lo. "Levei-o a comer e, durante a refeição, o homem não parava de chorar. Depois levei-o a Ponte da Barca e dei-lhe algum dinheiro, para que pudesse alimentar-se nos dias seguintes", conta Joaquim Costa.
Entretanto, o bombeiro já se deslocou a Ponte da Barca, para colher informações sobre o indivíduo. Soube que era um ex-toxicodependente, "razão pela qual ele estava sempre a afirmar que todos lhe voltavam as costas. Via-se que era um homem completamente transtornado", reconhece o bombeiro vilaverdense.
"Foi um dia muito feliz para mim, em que senti o orgulho por honrar a farda que visto. Já prestei socorro em muitos acidentes, mas este caso foi diferente. Quando o deixei em Ponte da Barca pediu-me para sair do carro, porque queria dar-me um abraço", conta Joaquim Costa, desejando que o homem que salvou tenha encontrado o seu caminho.