Em carta aberta, 51 dos cerca de 70 voluntários do quadro ativo apelam à saída de Marcelo Lago, caso contrário garantem que vão pedir, individualmente, a inatividade. Presidente e vice-presidente do Conselho Fiscal anunciam renúncia aos cargos.
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Os signatários alegam que as polémicas das últimas semanas estão a manchar o bom nome da associação e dos seus bombeiros e acusam o presidente da direção de tomar decisões que só têm contribuído para aumentar o descontentamento do corpo ativo. Além disso, classificam de "atabalhoado" o processo da escolha de um novo comandante com um currículo que consideram "questionável".
Os bombeiros signatários da carta dirigida ao presidente da direção dizem que têm assistido "a uma crise que tem vindo a por em causa o bom nome da associação, dos bombeiros de Mirandela e daqueles que a representam".
Como operacionais voluntários do quadro ativo, sentem que o seu nome está em causa e que "a exposição em praça pública de problemas que deveriam ser resolvidos dentro das paredes da associação vem expor a necessidade que existe de reorganizar toda a estrutura de forma célere, mas ponderada e organizada", pode ler-se.
Os signatários dizem que chegou a hora de mudar. "É tempo de por de parte quezílias, desmedidas, algumas delas pessoais e que nada de bom auguram", adiantam na carta aberta.
Os 51 bombeiros fazem questão de mostrar que não apoiam a escolha de Henrique Teixeira - antigo comandante dos bombeiros de Melo, na Guarda - para exercer o cargo de comandante da corporação de Mirandela, alegando que foi uma escolha pessoal do presidente de alguém que tem um currículo que os signatários dizem ser "questionável".
Defendem que a escolha do novo comando devia acontecer após uma reestruturação do órgão diretivo da associação "e não da forma atabalhoada com que atualmente a querem impor", acrescentam.
Denunciam ainda aquilo a que chamam de "passividade da maioria dos elementos que compõem direção", apesar de acreditarem que "há gente competente e capaz no seio da mesma que tem como objetivo a resolução ponderada e estruturada da crise atual".
Os signatários pedem a Marcelo Lago que abandone a direção da associação. Apesar de lhe reconhecerem mérito em muito do que fez, mas neste momento acreditam que o seu afastamento será o melhor para o próprio presidente, para os bombeiros e para a associação.
Terminam a carta apelando a Marcelo Lago, "com amizade, atenção e carinho", para que saia pela porta da frente. "Estaremos lá para nos despedirmo-nos de si", garantem.
Se tal não acontecer, os 51 signatários, individualmente, vão deixar de colaborar com o corpo de bombeiros, pedindo a inatividade.
Duas demissões no conselho fiscal
José António Ferreira, presidente do Conselho Fiscal da Associação dos Bombeiros Voluntários de Mirandela, e Jorge Lopes, Vice-Presidente, acabaram de anunciar a renúncia aos cargos para os quais foram eleitos em dezembro de 2019.
Numa carta enviada ao presidente da Assembleia-Geral e ao presidente da direção, os dois elementos daquele órgão, adiantam que "face às sensíveis e pesadas situações vividas, interna e externamente e para as quais não houve, até ao momento, uma resposta adequada, no modo e no tempo" decidiram renunciar aos cargos.
Sendo assim, dos três elementos efetivos do Conselho Fiscal resta apenas o secretário-relator. Perante estas renúncias, o órgão fica sem quórum e, segundo os estatutos, é extinto, havendo necessidade de um novo ato eleitoral só para eleger novos membros para o Conselho Fiscal que ficará em funções até ao final do mandato, em 2022.
Até ao momento ainda não foi possível obter a reação do presidente da direção, Marcelo Lago, a estas demissões e ao teor da carta aberta.