Seis corporações de Gaia uniram-se no projeto "Escola Conjunta", destinado a recrutar operacionais e combater o decréscimo do voluntariado.
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Para estancar a tendência de perda e de diminuição de entradas de novos bombeiros nas corporações de voluntários de Gaia, uniram-se esforços e avançou-se para uma iniciativa a seis - Crestuma, Avintes, Aguda, Coimbrões, Carvalhos e Valadares -, designada por "Escola Conjunta".
"Estávamos a assistir a um esvaziamento progressivo e a entrar num ritmo de perda", explica o coordenador do projeto, José Luís, para justificar a união de esforços. Também Ricardo Santos, comandante dos Bombeiros dos Carvalhos, confirma que se tem verificado uma "diminuição" no número de elementos. O "aumento de pedidos para gozar um período de inatividade e o decréscimo do voluntariado" estão entre as causas.
Confrontadas com esta realidade, as corporações gaienses decidiram dar a volta por cima e abrir espaço àqueles que querem fazer carreira prestando socorro à população. "Das duas uma: há um desinteresse das gerações mais novas ou somos nós [bombeiros] que não estávamos a conseguir motivar", refere José Luís, que também é segundo comandante nos Bombeiros de Coimbrões. "Entre as duas hipóteses, inclino-me para a segunda. Estávamos [corporações] cada uma para o seu lado", reconhece.
Transporte para testes covid
Se o transporte não urgente sofreu uma quebra, sentida, sobretudo, na altura do confinamento, entre março e maio, o coronavírus conferiu aos bombeiros uma lista de tarefas ligadas ao surto pandémico, desde o transporte de infetados ou com suspeita de infeção, passando pela transferência de utentes dos lares até às viagens para a realização de testes. Tudo isto, mantendo os serviços habituais relacionados com incêndios e acidentes.
Na campanha para angariar candidatos foi usado um vídeo de promoção e recorreu-se às redes socais. Para já, o balanço deixa os responsáveis satisfeitos. Há 72 inscritos e confia-se que até ao final do mês o grupo poderá chegar aos 80. "Vamos iniciar com 72 (ou mais) e queremos que esses 72 levem a formação até ao fim", diz o coordenador, adiantando que o curso terá a duração de nove meses e que cada uma das seis corporações dará o seu contributo.
Fogos e desencarceramento
Em Avintes decorrerá o primeiro módulo, de iniciação à carreira. As aulas em Coimbrões serão dedicadas aos incêndios urbanos e industriais. Em Valadares, a instrução terá a ver com operações de salvamento e desencarceramento. Na Aguda, a temática será o transporte e a tripulação de ambulâncias. Nos Carvalhos, equipamentos e veículos constituem o módulo. Para Crestuma fica reservado o treino sobre o combate aos incêndios rurais e florestais.
Candidaturas
31 de janeiro é a data limite para a apresentação de candidaturas ao projeto "Escola Conjunta", que será realizado em seis corporações de Gaia.
Atividade
Pandemia fez aumentar gastos e cuidados
A pandemia mexeu com as rotinas nos quartéis dos bombeiros. Aumentaram os gastos, assim como as tarefas de higienização e descontaminação. "Até colocam em causa a sustentabilidade", desabafa Luís Araújo, responsável nos Bombeiros de Coimbrões. Mais do que nunca é necessário gerir bem os recursos. A título de exemplo, basta apontar para o preço de uma caixa de 100 luvas cirúrgicas, que "antes da pandemia custavam 3,5 euros e agora oscilam entre 10 e 13 euros". A covid reforçou os cuidados com a higienização. "Após cada serviço, a ambulância necessita de um tempo para descontaminação. São 45 minutos", anota.
Detalhes
Cartão social do bombeiro em estudo
A criação do cartão social do bombeiro, com vantagens para os seus detentores, está em estudo. "Seria mais uma forma de cativar", especifica José Luís.
Menos candidatos em Crestuma
Nas seis corporações, Crestuma é a que tem menos candidatos. São sete. A explicação terá a ver com o "afastamento do centro urbano".
Primeira ação conjunta em 10 anos
Nos últimos 10 anos, em Gaia, o recrutamento em conjunto é inovador. De registar que o concelho conta ainda com os Sapadores, dependentes da Câmara.