Município foi o que mais cresceu em termos absolutos na última década, com acréscimo de 11 839 habitantes.
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Com mais 11 839 habitantes do que em 2011, o Município de Braga foi o que mais cresceu no país em termos absolutos, na última década, de acordo com os resultados preliminares dos Censos 2021, e a justificação pode estar na habitação mais barata, nas ofertas de emprego e na presença da Universidade do Minho (UMinho) e dos centros de investigação.
A conclusão é do economista e docente João Cerejeira, que não tem dúvidas: "Depois de Porto e Lisboa, a terceira cidade é Braga".
Alzira Torres, 57 anos, comprou casa há cinco anos na freguesia de Maximinos, "a 15 minutos do trabalho, com a ecovia ao pé e um conjunto de equipamentos". Natural da Maia, foi um quadro da Câmara do Porto, mas decidiu aproveitar uma oportunidade de emprego na Cidade dos Arcebispos, onde está como diretora municipal de obras. "Escolhi Braga para viver depois dos 50 anos, para terminar a minha vida. É bonita e acolhedora", descreve, elogiando a proximidade aos serviços essenciais e a forma como a população se relaciona. "Toda a gente se conhece", concretiza uma das novas moradoras da última década. Mas há muitas mais para contar.
Foi uma oportunidade de emprego na Rádio Universitária do Minho que, também, arrastou a portuense Sara Pereira para a capital do Minho, em 2015. Ainda esteve um ano em viagens entre os dois concelhos, mas acabou por se instalar em 2016 em Braga, "aproveitando uma renda acessível" que, alerta, "já é difícil de encontrar". "Gosto da cidade, dá uma boa qualidade de vida às famílias", considera.
Oferta variada
Foi essa qualidade de vida que atraiu Patrícia Macedo, o marido e os dois filhos menores a regressarem ao Minho, em 2019, depois de viverem seis anos em Lisboa. Natural de Amares, a coordenadora de segurança em obras numa empresa de construção, com 42 anos, optou por se instalar em Braga, pela "oferta de escolas, atividades extracurriculares a preços atrativos, eventos culturais, a dinâmica desportiva, os parques" e, também, confessa, "as oportunidades de emprego". "Temos uma oferta aproximada à capital, mas com um privilégio que a capital não tem, que é a qualidade de vida", assevera a bracarense.
João Cerejeira explica que "o papel da Autarquia nos anos 70 e 80 em termos de aquisição de terrenos e urbanização foi importante", porque "fez baixar os custos de habitação". A isso, soma "a dinâmica empresarial dos últimos anos", com a cidade a atrair "empresas estrangeiras, mas também ligadas às novas tecnologias". O economista diz que as ofertas de emprego, também motivadas pelo turismo, resultaram numa onda migratória, nomeadamente de brasileiros, e a UMinho e os centros de investigação atraem população mais jovem para a cidade.
O presidente da Câmara, Ricardo Rio, acredita que, além da habitação, a cidade "é genericamente menos onerosa, com menor custo de vida do que cidades vizinhas de média e grande dimensão". Como fator de atração da população, aponta ainda "uma dimensão imaterial, o reconhecimento que a cidade tem ganho".
Números
193 333 habitantes
tem o município de Braga, de acordo com os Censos 2021. Há uma década, foram registados 181 494 residentes, ou seja, houve um acréscimo de 6,5% na população, a maior variação entre os 10 concelhos mais populosos.
89 343 habitações
foram registadas no concelho de Braga. Há uma década, os resultados dos Censos apontaram para 84 648 casas, o que significa um crescimento na oferta imobiliária de quase 4700 casas.