Nesta sexta-feira 13 são esperadas dezenas de milhares de pessoas numa das mais famosas e genuínas festas de rua do país.
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Foram dois anos a espreitar pelas frinchas das portas e por debaixo das telhas, a congeminar maldades que não cumpriram e a ulular de desespero pelos sustos abafados. Mas como não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe, o espartilho da covid-19 volta a permitir que as bruxas assombrem Montalegre. E, calhando o 13 de maio nesta sexta-feira, todas as pragas se alinham para uma noite terrífica na terra do padre Lourenço Fontes.
Este símbolo humano do concelho há de voltar a subir ao palco junto ao castelo, à meia-noite, para "benzer" a queimada que aquecerá as almas dos milhares de visitantes esperados. E há de estar junto ao bruxo Queiman e à donzela Andrea Pousa, outros reis da animação.
Já ontem ali estiveram, o bruxo e a donzela, a ver a montagem do enorme palco onde prometem um espetáculo gigante, com "magia, fogo de artifício, música, amor e boas energias". Andrea já tinha "ganas" de voltar a partilhar o cenário com Queiman, numa atuação "com um dragão de sete metros que vai ali espalhar vibrações más, mas que Andrea vai dominar".
Não admira que o vice-presidente da Câmara de Montalegre, entidade organizadora, ande animado e com "grande expectativa" numa noite inesquecível. Que para azar verdadeiro já bastou a pandemia ter roubado duas sextas 13 em 2020 e uma em 2021.
A restauração está reservada, a hotelaria também, e não só em Montalegre. A enchente da sexta 13 também se reflete em Chaves, Boticas e Ribeira de Pena, bem como em Xinzo de Limia, na Galiza.
E depois há os bares e cafés que se adaptam e decoram para este dia, tanto dentro de portas como fora delas, e reforçam o stock de bebidas e comidas. Catarina Magalhães e a equipa andavam ontem em grande azáfama, a pôr tudo a condizer no Snack-Bar Polo Norte para este grande dia de "maluqueira". De festa e de negócio, que da forma que a vida corre, um dia com milhares de pessoas na rua e a consumir é oxigénio para mais uns tempos.
"Bruxas e bruxinhas, aranhas e aranhões" estão prometidos para este bar, mas a feiticeira que encima a decoração no exterior tem ar de boa e não há de ser por mor dela que não se há de fazer ali boa safra. "É uma bruxa simpática", resume Catarina, avisando, porém, que as piores vão chegar hoje e há que ter "cuidado com elas".
Quem não tem estabelecimento em zona próxima da animação faz por ter, instalando bares onde é possível. Todos com o mesmo fito, porque o bom tempo previsto e a fome de festa hão de, por certo, pôr Montalegre a rebentar pelas costuras.
Mas essas não são as das t-shirts, capas e outros vestuários que Amélia Santos decorou a preceito. Vive da pintura e do artesanato que depois expõe e vende na Barrosarte, numa casinha a caminho do castelo. "Vai ser uma boa sexta 13, porque toda a gente está ansiosa". Confia que o negócio vai medrar à medida que forem chegando os visitantes. E se a noite estiver fresquinha pode ser que se vendam algumas capas pintadas à mão.
Em toda a vila há sete palcos com estilos de música e animações diferentes. Guilherme Peixoto, pároco na Póvoa de Varzim, vai ser o DJ de serviço no palco do castelo, a banda Virgem Suta vai atuar no que está instalado à frente da Câmara.