Carlos Moedas acusa Alexandra Leitão de arranjar sicários para pedirem a sua demissão
Carlos Moedas diz que Alexandra Leitão é "dissimulada" e que Pedro Nuno Santos e Brilhante Dias são "sicários", que falam pela candidata sobre a tragédia do ascensor. O presidente da Câmara de Lisboa admite demitir-se se ficar provado que desinvestiu na manutenção.
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Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, acusou, este domingo à noite, Alexandra Leitão, do PS, também ela candidata à liderança da capital, de ser uma "dissimulada", quando não pede a sua demissão por causa do acidente no Ascensor da Glória, mas fá-lo através de "sicários"(assassinos contratados que matam em troca de dinheiro ou outras recompensas). " É dissimulada porque não vem pedir a minha demissão, mas encarrega os seus sicários, como Pedro Nuno Santos e Brilhante Dias, para virem por trás fazê-lo", afirmou o autarca ontem à noite numa entrevista à SIC, onde também confessou que neste momento não está "muito interessado" nas eleições autárquicas.
Numa resposta a Marcelo Rebelo de Sousa, que ontem, afirmou ser Carlos Moedas "politicamente responsável" pelo acidente que fez 16 mortos e 22 feridos, apesar de acrescentar que "não faz sentido falar em demissão a um mês de eleições", o presidente da Câmara concordou e disse em que circunstâncias se demitirá. "A responsabilidade política é minha e se alguém provar que eu tenha feito algo no sentido de retirar condições à empresa que faz a manutenção, eu demito-me na hora", prometeu na mesma entrevista. Para já, afasta esse cenário, uma vez que, aumentou em 30% o valor para a fiscalização. Moedas confirmou que recusou o pedido de demissão do presidente da Carris, responsável pela gestão do ascensor, explicando que a hora "não é de fugir" às responsabilidades, "seria uma cobardia", lembrando que a manutenção "estava em dia".
O edil considerou ainda que o guarda-freio André Marques, que morreu na tragédia, foi um "herói" porque "tentou tudo" para evitar o descarrilamento.
Na entrevista à SIC, e ao contrário do que pediu Marcelo Rebelo de Sousa, Carlos Moedas considerou, "até enquanto engenheiro", que não se deve apressar a conclusão do relatório final do acidente, previsto para daqui a um ano.
A pressa de Marcelo
Ontem, em declarações à saída do cemitério do Alto de São João, após o funeral de uma das vítimas mortais do descarrilamento, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que o próximo relatório "está prometido para daqui a 45 dias" e que o documento definitivo só deverá ser conhecido dentro de um ano. "Se fosse possível abreviar estes prazos, sobretudo do relatório definitivo, todos agradeceríamos", apelou.
Marcelo agradeceu as primeiras conclusões preliminares conhecidas no sábado, mas a empresa responsável pela manutenção do elevador, contratada pela Carris, considerou "prematura" qualquer conclusão sobre o acidente.
O chefe de Estado comentou as conclusões do primeiro relatório, "ainda muito preliminar", do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários, divulgado sábado, que indica que o cabo que unia as duas cabinas do Elevador da Glória "cedeu no seu ponto de fixação" da carruagem que descarrilou.
As primeiras conclusões, notou, deixam antever que a inspeção visual não permitiu detetar o problema no cabo e permitem ainda questionar "porque não há uma instituição encarregada de fiscalizar este tipo de matérias".
Estado dos feridos
Alguns dos 22 feridos continuam internados. Mas ontem uma mulher, de nacionalidade estrangeira, que estava no Hospital de São José, "estabilizada", foi transferida para uma unidade hospitalar do país de origem, informou a unidade de saúde. No São José continuam dois feridos, um em "situação controlada" e outro em cuidados intensivos. No Santa Maria, estão duas pessoas nos cuidados intensivos, mas numa situação estável. E no São Francisco Xavier encontram-se três mulheres nos cuidados intensivos, mas também estáveis.