Evento reuniu mais de 600 pessoas e marcou o arranque da Semana do Pescador. Até dia 31, há dezenas de atividades para lembrar tradições e projetar o futuro.
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“O segredo é o bom peixe e fresquinho”, diz, sem hesitar, Manuela Viana, olhando o prato que leva na mão. “Está muito bom minha senhora!”, atira uma mulher que, na fila, tenta vez para repetir a dose. A peixeira do Mercado das Caxinas abre o sorriso. O ano passado, a Caldeirada Comunitária reuniu quase 500 pessoas. Este ano, foram mais de 600. O evento que celebra a memória e a identidade de um povo que vive do mar e, ao mesmo tempo, reúne a comunidade marcou, este sábado, o arranque da 3.ª edição da Semana do Pescador que está a decorrer, em Vila do Conde, até 31 de maio.
“160 quilos de batata, 80 de tomate, outros tantos de cebola, 40 de pimento e 600 quilos de peixe”, explica o chef Nuno Andrade, professor da Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT), que, há mais de uma década, trabalha com o chef Rui Paula. Cozinhar para tanta gente é “um desafio”, mas, o que o deixa mesmo nervoso, é “cozinhar para quem vive do mar e sabe muito bem fazer caldeirada”.
A escolha do peixe, continua a contar, faz “toda a diferença”: raia, congro, tamboril, lula, corvina, amêijoa e cascarra. Todos vindos dos barquinhos da terra.
“Era um prato que se fazia muito a bordo dos barcos e à chegada para juntar as famílias. É uma tradição gastronómica, mas também tem essa dimensão comunitária”, frisou o presidente da Câmara, Vítor Costa, satisfeito por ver ganha a aposta na “sua” Semana do Pescador, mas já a pensar em “continuar a crescer” e promover a gastronomia local.
Ali nas Caxinas, lembra, vive a maior comunidade piscatória do país e esta semana, sublinha, “é o momento de celebrar a memória e a identidade e falar do futuro” de uma arte que, orgulhosamente, marca Vila do Conde.
O programa conta com quatro dezenas de atividades, todas de acesso gratuito. No domingo, o dia será dedicado à comunidade piscatória de Vila Chã. A partir das 10.30 horas, haverá três exposições para ver na praia dos Pescadores e, às 11 horas, a recriação histórica da recolha das redes. À tarde, a partir das 15.30 horas, há nova recriação, desta vez de um cozinhado ancestral: lamparões e mexilhões. Pelo meio há ateliers e jogos para fazer.
Já nas Caxinas, das 11 horas às 23 horas, há várias petisqueiras, instaladas junto à Igreja do Senhor dos Navegantes com pratos de peixe e marisco.