O país perdeu dois terços da mão de obra do setor nos últimos 40 anos. Os mais novos trocam os barcos pelos camiões e só os indonésios mantêm a atividade.
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Portugal perdeu um terço dos pescadores nas últimas duas décadas, 16% nos últimos dez anos. A pesca deixou de ser carreira atrativa e ter um barco já não é sonho de menino, nem mesmo no seio da maior comunidade piscatória do país. Os baixos preços do peixe em lota - que sobe seis, sete e dez vezes na venda ao consumidor final -, a burocracia, a falta de mão de obra e as constantes fiscalizações levam ao desespero quem ainda lá anda. Nas Caxinas, Vila do Conde, o mar já não é para jovens e são cada vez mais os que fogem para o comércio ou para os camiões de longo curso.
"Não via futuro nenhum na pesca: não há tripulantes, os materiais são cada vez mais caros, o preço do peixe é o mesmo de há 40 anos, é só burocracias, fiscalizações a toda a hora (cheguei a ser fiscalizado no mar e, no mesmo dia, ao chegar a terra para ver as mesmas coisas)... É uma vida muito massacrante que não é valorizada!", afirma Jaime Reina, ele que, há pouco mais de um ano, trocou o mar por uma loja de venda de material para barcos, ali junto aos armazéns de aprestos nas Caxinas, Vila do Conde.