O primeiro dia de demolições de casas no bairro de lata do 2.º Torrão, na Trafaria, Almada, começou este sábado, num clima de incerteza. Em três das dez casas a serem destruídas ainda havia moradores com crianças que não tinham para onde ir, mas, ao longo do dia, foram saindo, após um acordo para serem alojados em hotéis e mais tarde em casas.
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Enquanto a retroescavadora demolia casas já desabitadas, técnicos da Câmara Municipal de Almada e Segurança Social conversavam com os que ainda permaneciam no bairro .do 2.º Torrão
"A Câmara mentiu quando disse que tinha casa para todos", dizia Marta Ferreira, que vivia numa habitação com os três filhos, dos quais um menor. Ao fim da tarde, chegou porém a acordo. Saiu para um hotel com a promessa de uma casa.
O mesmo sucedeu-se com Gelson Oliveira, que começou a empacotar os pertences e de Mário e Ângela Tomás, que residem com a filha de dois anos. "A única proposta que nos deram foi um mês de caução e um de renda numa casa que encontrássemos, não podem dar casas a uns e nada a outros", afirmou a mulher. No entanto, após reunir com técnicos da Autarquia, aceitou a solução proposta.
Alegam perigo de desabamento de uma conduta pluvial, mas não estão previstas chuvas
O processo suscita desconfiança em moradores e em organizações como a Amnistia Internacional. Pedro Neto, elemento desta organização, pediu à Autarquia que adiasse as demolições até que o realojamento fosse concluído. "Alegam perigo de desabamento de uma conduta pluvial, mas não estão previstas chuvas", referiu.
A necessidade de realojamento urgente de dezenas de famílias do bairro deve-se ao risco de derrocada de 83 construções edificadas em cima de uma linha de águas pluviais