Câmara de Fafe criou empresa que, a duas semanas das eleições, assumirá gestão do abastecimento.
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A Câmara de Fafe, liderada pelo PS, enviou uma carta aos munícipes que está a ser vista pela Oposição como uma forma encapotada de campanha. Nos últimos anos, um dos temas que mais têm provocado a reação adversa dos cidadãos prende-se com o preço das tarifas de água, cuja distribuição está ainda concessionada a uma empresa privada. Contudo, a Câmara decidiu criar uma empresa municipal, que passará a gerir a distribuição de água a 11 deste mês, a duas semanas das autárquicas.
A carta enviada por estes dias explica a mudança e contém a seguinte expressão: "Queremos prestar um serviço de excelência, quer na qualidade da água, quer na relação de proximidade com a população, e ao melhor preço". Rui Novais da Silva, candidato do PSD, lamenta que uma empresa municipal que já deveria estar constituída há quatro anos assuma a gestão a 15 dias das eleições. "Este é o retrato de uma governação socialista assente maioritariamente em propaganda", diz. Iazalde Martins, do CDS, considera que estas publicações são "clara propaganda política" e, "mais do que uma sanção contraordenacional, são falta de ética".
Para Alexandre Leite, da CDU, esta forma de atuação já vem do passado porque "a Câmara é utilizada pelo PS para promover os seus interesses partidários e não respeita a democracia". O candidato do Chega, Ricardo Costa, entende que "é um atropelo à lei eleitoral num tema sensível para os fafenses" e defende uma ação da Comissão Nacional de Eleições.
Já Marcelo Freitas, do Nós Cidadãos, entende ser "lamentável" o recurso a estas "artimanhas". Em defesa do Município, Antero Barbosa, candidato do PS, assume que a comunicação "até tem sido prudente".
Ao JN, a Câmara refere não estar a violar a norma porque se trata de uma "comunicação obrigatória" informando a mudança na gestão da água.
Comissão refere-se às proibições
A Comissão Nacional de Eleições garante que se encontram "proibidos todos os atos de comunicação que visem, direta ou indiretamente, promover iniciativas ou atividades que contenham slogans, mensagens elogiosas ou encómios à ação do emitente", ou "que reflitam uma atitude proativa da instituição na promoção da qualidade de vida dos habitantes". Esta norma pretende defender a equidade entre as candidaturas.