
Metrobus começou a funcionar até Miranda do Corvo e Lousã no passado dia 16
Foto: Paulo Novais /Lusa
Autarquia aponta incapacidade de resposta para a procura aos fins de semana e exige que de segunda a sexta-feira haja horários diretos nas horas de ponta entre Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra. Metro Mondego admite constrangimentos e promete ajustes se o problema se mantiver após as viagens começarem a ser pagas, a 1 de janeiro.
A Câmara de Miranda do Corvo não está satisfeita com o novo serviço do Metro Mondego, iniciado no passado dia 16, apontando uma série de críticas e exigindo uma resposta urgente da administração às necessidades dos utentes, que no entender do município, não estão a ser satisfeitas como deveriam.
"Desde o início da operação têm sido identificadas falhas graves na adequação da oferta à procura existente. Nas primeiras semanas de funcionamento, a procura registada superou largamente as previsões iniciais, em particular ao fim de semana, resultando em autocarros sistematicamente sobrelotados e deixando dezenas de pessoas sem qualquer solução de transporte, incluindo trabalhadores por turnos, estudantes e cidadãos em deslocações inadiáveis", aponta a autarquia em comunicado, acrescentando ter já transmitido verbalmente os problemas à administração da Metro Mondego.
No entender da edilidade não faz sentido que após uma espera de 15 anos, o sistema não responda "às necessidades reais de quem dele depende diariamente para trabalhar, estudar, aceder a cuidados de saúde e regressar a casa após longas jornadas laborais".
O município liderado por José Ferreira estende os "constrangimentos inaceitáveis" aos dias úteis, considerando que "é urgente a reposição de horários diretos nas horas de ponta da manhã entre Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra, bem como no sentido inverso ao final do dia, assegurando um serviço rápido, previsível e compatível com a vida profissional e familiar das populações".
A esmagadora maioria dos autocarros do metrobus param na quase totalidade das 27 estações entre Serpins (Lousã) e o centro de Coimbra (Portagem), demorando uma hora a fazer o percurso de 36 quilómetros, que atravessa também o concelho de Miranda do Corvo.
O Município de Miranda do Corvo "está ao lado das pessoas e não pode aceitar que um investimento desta dimensão falhe na sua função essencial". E "exige à administração da Metro Mondego uma resposta imediata, com reforço de horários e meios, demonstrando capacidade de adaptação à procura real e respeito por quem depende diariamente deste sistema", conclui.
Metro Mondego reconhece "dificuldades e constrangimentos"
Em resposta, a Metro Mondego admite que houve "dificuldades e constrangimentos nos fins de semana de 20/21 e 27/28 de dezembro, verificando-se situações indesejáveis de excessiva lotação dos veículos". Isto porque, segundo refere a Administração em comunicado, "o número de passageiros que têm utilizado o sistema tem-se revelado muito superior às previsões, baseadas nos estudos de procura". A esta situação, acrescenta, "não será alheia quer a curiosidade da população em experimentar o sistema, quer a sua utilização gratuita, bem como a atual época festiva".
A Metro Mondego informa ainda que "os constrangimentos que atualmente a empresa regista, pela operação em via única e pelo processo de recrutamento e formação de motoristas, limitaram a capacidade de reforço da oferta nos períodos de maior afluência nos fins-de-semana referidos".
A empresa sublinha, porém, "que está particularmente atenta às dificuldades referidas e a envidar esforços para minimizar estes problemas no futuro". Em particular, "caso se verifiquem níveis de procura substancialmente superiores à prevista, após a entrada em operação comercial (viagens pagas) que irá ocorrer no próximo dia 1 de janeiro, a empresa procederá aos ajustes operacionais necessários para assegurar o seu compromisso com a qualidade, a fiabilidade e a segurança do serviço".
Todavia, lembra a administração, que a "oferta atual no serviço suburbano é substancialmente superior ao anterior serviço ferroviário, mesmo considerando a diferente capacidade dos veículos". A título de exemplo, "o número de ligações diárias à Lousã é de 50 nos dias úteis, 27 aos sábados e 20 aos domingos, valores que comparam com 17, 11 e 8 ligações diárias, respetivamente, do anterior serviço ferroviário". Já no caso de Miranda do Corvo, "o número de ligações diárias é de 62 nos dias úteis, 27 aos sábados e 20 aos domingos, valores que comparam com 17, 11 e 8 ligações diárias, respetivamente, do anterior serviço ferroviário".

