A Câmara de Mondim de Basto acabou com as pausas para café, curta refeição ou cigarro durante o horário laboral, alegando que, de cada vez que o gesto é repetido, se reduz o período útil de trabalho.
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Uma medida que já foi criticada pela oposição social-democrata, que acusou o presidente, o socialista Humberto Cerqueira, de estar a "criar um ambiente intimidatório e de pressão".
O presidente da Câmara de Mondim de Basto determinou, através de um despacho, que "não é permitido a nenhum funcionário ausentar-se do seu gabinete ou local de trabalho durante o horário de trabalho, em nenhuma circunstância anteriormente descrita".
E essas circunstâncias são "ir ao encontro de outros funcionários para uma simples conversa ou para partilhar um cigarro, um café ou uma curta refeição".
De acordo com o despacho, "este gesto por si só não seria grave se não fosse realizado em horário laboral".
"De cada vez que este gesto é repetido reduz-se o período útil de trabalho e perturba o normal funcionamento dos serviços, porque acaba por desconcertar quem está a trabalhar", pode ainda ler-se no documento.
Ao mesmo tempo, acrescenta, "não contribui para melhorar a tão desejada imagem pública dos serviços da autarquia: objectivo que deve ser observado de forma permanente".
O autarca Humberto Cerqueira acha que "os momentos de convívio e de aprofundamento de relações pessoais são importantes", mas considera que estes "devem ser reservados exclusivamente para o período de almoço ou após o cumprimento do horário de trabalho".
Por sua vez, Francisco Ribeiro, vereador do PSD, afirmou que a "coberto da situação em que se encontra o país e a autarquia", o autarca pretende "de uma forma grosseira atropelar alguns direitos fundamentais dos trabalhadores no local de trabalho".
"A generalidade ou mesmo totalidade das organizações em Portugal permite que os seus colaboradores possam nomeadamente, a meio da manhã, tomar uma refeição ligeira, um simples café, ou o aliviar das preocupações do trabalho com um cigarro", salientou.
Para Francisco Ribeiro, com esta medida pretende-se, "não o aumento da produtividade", mas "criar um ambiente intimidatório e de pressão, completamente inaceitáveis nos padrões laborais, culturais e civilizacionais dos dias de hoje".
O vereador referiu ainda que vai propor o agendamento do assunto para a próxima reunião de câmara, para tentar inverter esta "situação caricata".