O Município de Ovar, agora liderado por Domingos Silva, quer derrubar o que resta do imóvel e criar a "Praça Cineteatro".
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A Câmara de Ovar pagou 375 mil euros para adquirir, em 2018, o edifício do antigo cineteatro, mas agora vai demolir o imóvel para construir uma praça, a que a chamará "Praça Cineteatro". A decisão municipal, que já está a ser contestada por uma petição pública que ontem reunia quase 200 subscritores, é assumida pelo atual presidente do Município, Domingos Silva, que abraçou a liderança da autarquia após a saída do social-democrata Salvador Malheiro para o cargo de deputado na Assembleia da República.
O edifício, inaugurado em 1944 e que fechou na década de 90, encontra-se bastante degradado, tendo sofrido já várias derrocadas. A Câmara de Ovar tomou posse administrativa do cineteatro e acabou por comprá-lo em 2018. O ex-autarca (e atual deputado do PSD) Salvador Malheiro anunciou, nessa altura à agência Lusa, que o cineteatro era um "legado" municipal e um dos "edifícios mais carismáticos para a comunidade vareira" e, como tal, defendeu a recuperação do imóvel com novas valências.
Reclamam reabilitação
No entanto, o atual presidente do Município, que à data da aquisição era vice-presidente de Salvador Malheiro, considera que o caminho a seguir não é o da recuperação do que resta do cineteatro, mas sim a demolição daquele edifício para construir no local a "Praça Cineteatro".
"Pode adiantar-se que o conceito passa pela requalificação do espaço, garantindo mais uma praça no centro da cidade de Ovar, com uma entrada privilegiada para o Parque Urbano e permitindo polivalência no uso do local, também para fins culturais", informa fonte oficial da Câmara, em resposta à Lusa, sublinhando que o projeto está numa fase inicial e ainda não há uma data para a obra.
A decisão camarária já está a ser contestada nas redes sociais, tendo sido lançada, no passado fim de semana, uma petição púnlica contra a demolição do cineteatro. Os subscritores condenam a "perda irreversível de património edificado com um importante valor sentimental para muitas gerações de ovarenses", certos de que é possível recuperá-lo.
"O que resta do saudoso cineteatro de Ovar permanece esteticamente relevante, pelo seu princípio de funcionalidade, simplicidade, elegância intemporal e beleza singular, e deve ser protegido", como pode ler-se na petição, apelando a que se promovam obras de reabilitação, adaptando-o a novos usos. "A robustez estrutural e a localização central fazem do cineteatro o candidato ideal para a reconversão e para uma renovada oportunidade como espaço cultural".