Câmara do Porto não vai esperar "até ao Natal" por limpeza de droga na Escola do Cerco
Depois de na manhã desta sexta-feira ter selado a Escola Preparatória do Cerco, no Porto, Rui Moreira avisou que o município não vai esperar até ao Natal para que as seringas e vestígios de droga sejam limpas do espaço que foi descontinuado e está em ruínas há vários anos.
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"Não vamos ficar até ao Natal com a escola assim", afirmou Moreira sobre o prazo de uma possível intervenção municipal, caso a Direção Regional de Educação do Norte-DREN (responsável pelo espaço) não o faça.
As declarações do presidente da Câmara do Porto surgem depois de, na manhã desta sexta-feira, o Município ter selado o espaço em ruínas que pertence ao Ministério da Educação e onde tem acontecido um consumo e tráfico de droga a céu aberto.
"Aquilo que mandei fazer logo pela manhã foi enviar três equipas, da Polícia Municipal, da Proteção Civil e de fiscalização para selar o edifício".
Na quinta-feira, a Câmara do Porto recebeu uma carta do Ministério da Administração Interna "que dava nota da preocupação de um morador do Cerco a narrar que, num terreno da antiga escola, havia consumo a céu aberto", disse o autarca.
Rui Moreira adiantou ainda que falou com a presidente da Junta de Freguesia de Ramalde, Patrícia Rapazote, que lhe expôs várias preocupações sobre aquele espaço: "Desde a falta de policiamento, comportamentos aditivos na rua e protestos de comerciantes e moradores".
Admitindo que não tinha "noção da dimensão da situação" que encontraram no edifício, Rui Moreira afirmou que confirmaram a realidade que o morador narrou na carta.
"Podemos ver que o espaço tinha sido invadido, que havia no seu interior seringas usadas e outros dejetos, e que aquilo está numa situação que causa de facto muita preocupação. Qualquer criança pode entrar lá e picar-se numa seringa que pode estar infetada e aí temos um problema grande", referiu o autarca.
Limpeza do local deve ser rápida
O presidente da Câmara exige que aquele espaço seja preservado e limpo pela DREN, que detem o espaço. "É uma responsabilidade do Estado Central e não da Câmara. Se não o fizerem, faremos nós e mandamos a conta ao Ministério da Educação", acrescentou.
O presidente da autarquia portuense criticou ainda o Estado Central de "responsabilizar as Câmaras antes de fazer o trabalho de casa", e depois de o Ministério de Administração Interna ter reencaminhado a carta sobre o problema, sem questionar quem é o responsável pelo edifício.
"Se me tinham telefonado, eu dizia imediatamente que era da DREN. Estão longe e acham que é fácil encolher os ombros e atirar as coisas para cima de nós. Lavar as mãos, no fundo", criticou Moreira.
Sala de chuto na zona oriental do Porto
Na semana em que a sala de consumo assistido no bairro da Pasteleira faz um ano, Rui Moreira referiu que a escola preparatória pode vir a servir para o mesmo fim na zona oriental da cidade.
"Aquilo está numa zona ótima. É no Cerco, que é uma das zonas que têm sido identificada pelo acréscimo de tráfico e de consumo, portanto, foi uma ideia que me pareceu adequada para aquele espaço que não é muito grande", adiantou o autarca.
Com a necessidade de alargar a resposta para o problema do consumo de estupefacientes na via pública, o projeto tem de passar por algumas fases anteriormente, como o acordo do Ministério da Saúde e a cedência do espaço por parte da DREN e, seguidamente, um concurso público.
"Acho que em quatro ou cinco meses pode pôr uma estrutura destas a funcionar com facilidade", avançou Rui Moreira.
Rui Moreira disse ainda que, a ideia de uma sala de chuto móvel foi depreciada pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) devido ao fumo.
"Há algum problema na circulação do ar, e nós não podemos ter profissionais de saúde num espaço em que, de repente, o fumo começa a propagar-se por ali", explicou o autarca.
Face à apreciação do SICAD, Moreira reforçou a "boa oportunidade" de montar na Escola Preparatória do Cerco uma futura sala de consumo assistido amovível.