<p>Andar a pé ou de carro no centro de Rio Tinto, em Gondomar, entre as vedações das obras do metro é uma aventura. Basta uma distracção para tropeçar num buraco ou danificar o automóvel no pavimento degradado. A Junta tem recebido dezenas de queixas.</p>
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É certo que, pela construção da linha de metro, até vale a pena fazer alguns sacrifícios, mas o presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Marco Martins, crê que o estado de degradação de passeios e de ruas, junto a frentes de obra, ultrapassou o "limite do razoável". O pavimento da Avenida de Dr. Domingos Gonçalves de Sá parece uma manta de retalhos e é um dos arruamentos menos esburacados. O mesmo não pode dizer-se dos passeios, onde só se aventura quem não possui dificuldades de locomoção.
Já nas ruas de Nossa Senhora do Amparo e de Sevilhães, a passagem constante de camiões e os trabalhos dos operários fizeram desaparecer paralelos. Há troços em terra batida. Sempre que chove em Sevilhães, ficam carros atolados, conta Manuel Santos, morador na zona, inconformado a falta de cuidado. "Isto é uma miséria. Está tudo descascado, porque tiraram parte do paralelo. É só poeira nas casas. Quando chove, é um lamaçal que nem pode passar-se por aqui", reclama Manuel Santos, sem esquecer as vezes em que chegou a casa com as calças a pingar lama. Tal como ele, muitas pessoas cumprem aquele trajecto para apanhar o autocarro. "Podiam fazer as obras e deixar a rua de feição para os peões e as viaturas passarem", continua.
Reclamações como esta chegam quase diariamente à Junta de Rio Tinto. Marco Martins tem advertido o consórcio construtor, contudo, apesar da boa vontade, as medidas para minorar os incómodos tardam ou nem sequer são efectuadas. "Desde Novembro que recebemos queixas. Temos feito pressão e algumas coisas foram melhoradas. Compreendemos que as obras causam transtornos, mas a situação está a agravar-se. Não há passadeiras visíveis, fazem passagens alternativas para peões em terra batida e não tapam os buracos à medida que vão surgindo nas ruas", lamenta o autarca. Entre os pontos mais críticos estão a Rua da Campainha, junto à Escola EB 2,3 nº2, e também a área central do mercado e da igreja de Rio Tinto.
Nas últimas semanas, a PSP registou, afiança Marco Martins, mais de dez situações em que os automóveis sofreram danos ao passar em buracos. Na maior parte dos casos, os pneus e as jantes ficaram danificados. Para evitar esses estragos, Paula Oliveira, residente na Venda Nova, passa devagar e com muitas cautelas nas artérias, próximo de frentes de obras do metro. "Noto que as ruas estão em muito mau estado. Temos de andar com o dobro do cuidado. As pessoas estão saturadas e não têm paciência para andar devagar. Mas temos de colaborar. Esperemos que a linha fique pronta em breve", acrescenta.
Marco Martins exige já a aplicação de medidas para minimizar os estragos e escreveu uma carta à administração da Metro, alertando para o problema. Em resposta ao JN, fonte da empresa deixou a garantia de que a situação será avaliada com o empreiteiro e que serão feitas as reparações.