Concessão da Orbitur não foi renovada e campistas terão de sair. Investimento de 700 milhões cria 15 mil empregos.
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O Parque de Campismo da Madalena, em Gaia, vai ser encerrado, dando lugar a um centro tecnológico. A Orbitur viu-lhe recusada a renovação da concessão e os utentes foram notificados para retirar os equipamentos de campismo e caravanismo. Os terrenos estão nas mãos de um Fundo de Investimento Imobiliário Fechado comparticipado pela empresa Fundimo, da Caixa Geral de Depósitos, e pela Câmara de Gaia, que quer ver ali nascer um centro tecnológico, num investimento de 700 milhões de euros.
"O projeto é extraordinário", sustenta o presidente da Câmara, Eduardo Vítor Rodrigues. O investimento, segundo os promotores, será capaz de gerar 15 mil empregos diretos, com equipamentos de ensino e de investigação, áreas empresariais, de comércio e um hotel, entre outras valências. Estima-se uma população estudantil de oito mil alunos e 1500 professores no plano de atividades.
Surpresa
A Orbitur, que há cerca de 25 anos, em colaboração com o Município, iniciou o licenciamento e a exploração do parque, diz-se "surpreendida" com a notificação municipal, dando conta do termo da concessão em 31 de dezembro de 2021 e a obrigação de entregar o equipamento livre. Perante essa situação, a Orbitur começou a solicitar às 19 famílias que ali se encontram a retirada dos equipamentos "o quanto antes". Lamentando os incómodos e disponibilizou-se para apoiar a instalação dos equipamentos campistas num outro parque da Orbitur.
Em causa está a venda dos terrenos (24 hectares) pelo fundo a um investidor estrangeiro que ali quer construir um tech hub de inovação, estrutura direcionada para a tecnologia e a educação, juntando o mundo académico ao profissional.
"O que queremos fazer é, depois de fechado o negócio entre o fundo e o investidor a que somos alheios, garantir, no processo de licenciamento, que naquele vasto terreno haja a possibilidade de cerca de 20% ser para um parque de campismo, mas num investimento a ser feito de raiz", explicou ao JN Eduardo Vítor Rodrigues.
O autarca diz que com este processo o município livra-se de um negócio, feito pelo seu antecessor, "penoso e ruinoso" para a Autarquia. O fundo Gaia Douro surgiu pela necessidade da Câmara "garantir liquidez a todo o custo", referiu. O fundo passou então a gerir 19 terrenos/imóveis municipais, entre os quais o parque da Madalena, com a obrigatoriedade da Autarquia pagar uma renda anual.
Projeto Polémico
Em 2010, o Gaia Douro anunciou a construção da Quinta Madalena Douro, Hotel, Residências e Spa, que gerou contestação e uma petição pública de repúdio. Nunca avançou. Em 2013, terminou a concessão à Orbitur, que ainda assim continuou no local devido a sucessivas prorrogações provisórias. A situação não desagradava à Autarquia, que assim ia recebendo uma renda pelo parque (cinco mil euros), que ajudava ao pagamento dos 19 mil euros da prestação que tinha de entregar ao fundo.
O Parque de Campismo da Madalena foi inaugurado em junho de 1997, possui 24 hectares e está dotados de duas piscinas ao ar livre, dois campos de voleibol, dois courts de ténis, um polidesportivo, além de um campo de minigolfe, de um circuito de manutenção, zonas de lazer, um restaurante, supermercado e posto de turismo. Para a Câmara, com o atual processo "não se trata de substituir o parque de campismo", mas de "garantir um projeto fundamental para Gaia e para a região, evitando a especulação imobiliária (habitação à beira-mar)" e tentando compatibilizá-lo com um espaço verde para campismo, "ainda não definitivamente assumido".
Argumentos
Evitar especulação imobiliária
Parque de Campismo da Madalena foi inaugurado em junho de 1997, possui 24 hectares e está dotados de duas piscinas ao ar livre, dois campos de voleibol, dois courts de ténis, um polidesportivo, além de um campo de minigolfe, de um circuito de manutenção, zonas de lazer, um restaurante, supermercado e posto de turismo. Para a Câmara, com o atual processo "não se trata de substituir o parque de campismo", mas de "garantir um projeto fundamental para Gaia e para a região, evitando a especulação imobiliária (habitação à beira-mar)" e tentando compatibilizá-lo com um espaço verde para campismo, "ainda não definitivamente assumido".
Detalhes
Áreas
O parque tecnológico ocupará 20,8 hectares. A área de construção será de 166 400 m2, que poderá crescer para 249 600 m2, se houver aprovação como Projeto de Interesse Nacional.
Equipamentos
Estão previstos equipamentos de educação, de investigação, escritórios, um hotel, lojas, um centro de convenções, uma residencial para professores e alojamento para estudantes.
Empresas
Amazon, Microsoft, Google, Facebook, Netflix, Tesla, Apple, a IBM, Babson, Totvs, WeChat e a Singularity University são possíveis parceiros apontados.