Falta de estratégia política para a criação de emprego e de habitação. Foram estas as principais críticas que os adversários políticos apontaram à governação de Antonino de Sousa, presidente da Câmara de Penafiel. A autarquia está nas mãos da coligação "Penafiel Quer" (PSD/CDS-PP) há cerca de 20 anos.
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No debate promovido pelo JN, que juntou, esta terça-feira, no Ateneu Comercial do Porto, os cinco candidatos às eleições autárquicas do próximo dia 26 de setembro, os opositores do atual presidente consideraram insuficientes as medidas adotadas para a criação do emprego, nomeadamente os contratos de investimento assinados pela autarquia, que criarão mil postos de trabalho. E apontaram a necessidade de a Câmara combater a precariedade laboral, num concelho que tem um salário médio de 975 euros (quase 20% inferior à média nacional) e que, segundo os dados preliminares do Censos 2021, perdeu 3,6% da população na última década.
Todos defenderam o combate à precariedade - que, segundo o candidato da CDU, Bruno Sousa, é também promovida pela autarquia -, assim como mais apoio, com a autarquia a assumir "um papel ativo, apoiando as pessoas a reivindicar os seus direitos e combatendo a exploração dos trabalhadores", referiu Duarte Graça, candidato do Bloco de Esquerda.
"OLHAR REALISTA", PEDE PS
Paulo Araújo Correia, o candidato socialista (partido que se apresenta pela primeira vez a eleições em coligação, com o partido RIR, do ex-candidato presidencial Vitorino Silva), diz ser necessário "um olhar realista" para o território e para as suas potencialidades, sugerindo a criação de um "cluster" na área da saúde, assim como parcerias com empresas do concelho, que permitam gerar emprego qualificado e fixar pessoas no território.
Confrontado com a posição dos adversários, Antonino de Sousa, recandidato a um terceiro mandato, recordou que os contratos de investimento "não são uma promessa, são um compromisso que está já concretizado", acrescentando ainda que, neste mandato, o Executivo concretizou o projeto da Zona Industrial de Recesinhos, "que se arrastava há vários anos". O investimento de mais de 11 milhões de euros ali feito permitirá a criação de 110 postos de trabalho, de acordo com o autarca.
a FORÇA DA ESPECULAÇÃO
A habitação foi outra das áreas consideradas determinantes para a captação e fixação de pessoas no concelho, apesar de todos reconhecerem que este é, antes de mais, um problema do Governo.
Um dos programas criados pela autarquia - Penafiel Casa Acessível -, que permite o arrendamento de habitações a privados para subarrendar a agregados com rendimentos mais baixos, é visto com bons olhos pelos candidatos, mas considerado insuficiente, num concelho já atingido pela especulação imobiliária.
apoio ao arrendamento
Paulo Araújo Correia, do PS, sugeriu a construção de "um parque público" de habitação por parte da autarquia, "seja adquirindo edifícios devolutos e reabilitando, seja construindo de raiz o parque público, ou fazendo parcerias com privados".
Já Carla Silvestre, candidata do Chega, assinalou as dificuldades burocráticas e o excesso de taxas como travão à construção de novas habitações.
Antonino de Sousa criticou, por seu turno, a falta de programas do Governo para a habitação, mas garantiu que não abandonou os penafidelenses. "Temos apoiado, nomeadamente ao nível do arrendamento, num investimento de cerca de 1,5 milhões de euros", referiu.
Relativamente à Estratégia Local de Habitação e à crítica do seu adversário socialista sobre a centralidade das intervenções, o autarca referiu que esta é objeto de análise a cada seis meses, permitindo que os investimentos sejam revistos e alargados à periferia.
Danos ambientais do aterro são "falsa questão"
PS, CDU, Bloco de Esquerda e Chega uniram-se na crítica ao encerramento tardio do polémico aterro sanitário de Rio Mau. Construído em 1999, quando a autarquia era liderada pelos socialistas, o aterro foi projetado para 10 anos, mas só agora o seu encerramento será uma realidade: está já adjudicada a primeira fase do processo de selagem e aprovada a candidatura para a futura unidade, que vai ficar instalada em Paredes.
Antonino de Sousa referiu que o facto do aterro ter tido um espaço de vida mais longo "é bom um sinal. Todos devíamos estar satisfeitos, porque isso é o resultado da boa gestão que o aterro teve". Esta posição foi visada pelo candidato socialista. "Não acredito que as populações que sofrem com o aterro concordem", atirou.
Os candidatos manifestaram-se ainda preocupados com o passivo ambiental que está atualmente no aterro, assim como o que será feito para reabilitar a zona envolvente e reparar os danos provocados à população. Para Antonino de Sousa, essa é "uma falsa questão". "Nenhuma unidade é mais inspecionada do que um aterro. Todas as semanas as entidades fazem análises à água e aos lixiviados".