Dos 200 cães acolhidos, 80 estão por esterilizar. Associação pede apoio para castrar animais domésticos.
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O elevado número de eutanásias no Centro de Recolha Oficial Animal (CROA) do Marco de Canaveses - 122 em 2021, o valor mais alto no Norte e segundo mais elevado do país -, é justificado pela Câmara local com aquilo que genericamente diz a lei. Ou seja, refere a Autarquia em resposta ao JN, a eutanásia é aplicada "por razões que se prendem com o estado de saúde ou o comportamento dos animais, aplicando-se, por exemplo, a animais vítimas de atropelamentos ou (...) a animais agressivos".
O CROA Marco (antigamente designado por canil municipal) está inserido no Centro de Bem Estar Animal (CBEA), inaugurado em julho de 2017 na freguesia de Vila Boa do Bispo, e praticamente desde que começou a funcionar está sobrelotado. A lotação é de 160 animais mas, atualmente, as boxes dão abrigo "a mais de 200" canídeos. Destes, cerca de 80 animais estão por esterilizar.
O veterinário municipal que fazia as esterilizações do CROA está há mais de um ano de baixa médica e o serviço esteve, até há pouco tempo, reduzido à disponibilidade do veterinário municipal do concelho de Penafiel por decisão da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) - entidade competente pela gestão dos recursos clínicos. "Em todo o caso", explica a Autarquia, "tendo em conta a nova filosofia do CROA, foi reforçado o serviço desde maio de 2021, com mais uma médica veterinária, a tempo inteiro", em regime de prestação de serviços.
Porém, apurou o JN, a nova veterinária recusa fazer esterilização no CROA do Marco por falta de condições técnicas. A Câmara Municipal não confirma, mas também não desmente a recusa da médica. Diz apenas que "contratou o serviço de esterilização de animais em colaboração com clínicas locais para fazer face ao elevado número de animais recolhidos e disponibilizados para adoção, com claros reflexos no aumento do número de adoções e na satisfação das famílias adotantes".
A ANIMARCO, a associação de proteção animal que gere e promove a adoção do CBEA do Marco, reconhece que "há um problema" com o elevado número de eutanásias reportadas, que "compete ao CROA resolver". Para a responsável, Ana Isabel Monteiro, o controlo da população animal requer uma atuação mais afirmativa por parte das entidades governativas na comparticipação da esterilização e castração, também dos animais de companhia. "É um serviço caro e muita gente não o faz porque não tem dinheiro... esterilizar apenas os animais que são adotados nos CBEA é insuficiente".