Cáritas de Bragança deixou de dar apoio alimentar porque não consegue suportar transporte
A Cáritas Diocesana de Bragança-Miranda deixou de dar apoio alimentar às famílias carenciadas, porque deixou de fazer a recolha de donativos de campanhas nacionais, por não conseguir suportar o custo do transporte.
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As dificuldades foram admitidas por Cristina Figueiredo, diretora técnica da Cáritas Diocesana. “Não temos recebido donativos porque a logística de transporte é complicada e muito cara. Não temos apoio para suportar esse custo e não temos ajudas para suportar essa despesa com o transporte. Ficava mais caro do que se fosse a própria instituição a comprar os alimentos”, explicou Cristina Figueiredo.
Face a esta situação a Cáritas de Bragança só está a fornecer alimentação em casos “muito urgentes e somos nós que compramos os bens”, assegurou Cristina Figueiredo.
A Cáritas Diocesana tem registado um aumento de pedidos de ajuda, principalmente por parte de estrangeiros. “O número de novos pedidos é significativo, sobretudo, por parte de famílias estrangeiras, com filhos. Tivemos um acréscimo de população brasileira considerável”, adiantou a responsável.
A instituição recebe cada vez mais pedidos para pagar despesas familiares, como água, luz, consultas médicas e medicamentos.
A nível nacional os pedidos de ajuda das famílias à Cáritas Portuguesa subiram 20% decorrentes da crise económica e da inflação revelou Rita Valadas, a presidente.
Apesar de não existirem situações de fome graças a “uma rede social muito boa”, afirmou Rita Valadas, tem-se verificado que “a informação nem sempre chega às pessoas que precisam de ajuda”, acrescentou a presidente da Cáritas Portuguesa.
“Não pararam as situações novas, mas ainda não conseguimos resolver as antigas. O problema transversal a todo o país é a questão da habitação. Há grandes dificuldades para todos, para os jovens, que não conseguem ser autónomos, para os idosos que não podem continuar nas suas casas e não têm alternativas, e para as famílias que não conseguem suportar as rendas e os compromissos com a banca”, descreveu a responsável da Cáritas.
Muitos dos pedidos de ajuda à Caritas são de migrantes. “Chegam em grupos, a várias áreas do país, aqui [Bragança] também. Têm situações muito precárias. É uma realidade que não se lê nas estatísticas, mas que se vê no território”, observou Rita Valadas.
A Cáritas Portuguesa abriu na passada terça-feira a Campanha ‘Doar com Certeza’, que vai estar no terreno até ao fim de julho.