<p>Apesar de ter chovido nas últimas semanas, ainda não foi o suficiente para afastar os fantasmas da possível falta de água em alguns concelhos transmontanos. Carrazeda de Ansiães é a situação mais preocupante.</p>
Corpo do artigo
Na região de Trás-os-Montes e Alto Douro têm vindo a ser crónicos os problemas de abastecimento público de água durante o Verão nos concelhos de Bragança e Vimioso, sendo que no primeiro há muito que a solução foi encontrada: a construção da barragem de Veiguinhas. Só que o projecto tem esbarrado em consecutivos chumbos ambientais. A insuficiência da barragem da Serra Serrada tem obrigado ao recurso a outras captações locais para suprir as necessidade em várias aldeias, nomeadamente durante o período de permanência dos emigrantes.
Em Vimioso, durante o Estio deste ano foi necessário que os bombeiros de Bragança transportassem para lá, em seis camiões cisterna, 350 mil litros de água diários. E tudo porque não existia capacidade para reservar água nos rios que atravessam o concelho e que no Verão secam: Angueira, Maçãs e Sabor. Neste momento, a situação está normalizada.
Nos restantes concelhos da região não se vislumbram problemas de abastecimento de água no imediato, tal como o JN apurou, sendo que o caso mais complicado é o de Carrazeda de Ansiães. A barragem da Fontelonga está a dar as últimas e a situação transformou-se no primeiro dossiê a ser tratado pelo novo presidente da Câmara, José Luís Correia, que tomou posse do cargo no sábado.
"É uma situação que me preocupa muito e por isso terei de falar com o responsável da empresa Águas de Carrazeda para ver como vai ser resolvida, porque não quero que falte água à população do meu concelho", adiantou, ao JN. De resto, considera que "já deviam ter sido adoptadas medidas de prevenção", até porque, noutros anos, "com a barragem numa situação mais favorável, elas foram tomadas".
O autarca frisa que, neste momento, há água suficiente para abastecer o concelho "durante um mês, o que é muito preocupante". Informação confirmada por Francisco Morais, administrador da Águas de Carrazeda, empresa privada que explora e gere o abastecimento público de água e a rede de saneamento no concelho, uma concessão que vai até 2031.
O responsável adianta que "estão já a ser equacionadas medidas no âmbito dos planos de contingência adoptados em 2005 e 2006", mas a empresa também deverá avançar para "soluções alternativas", que Francisco Morais não explicou, preferindo aguardar por uma reunião com o novo presidente da Câmara. Entende, porém, que o facto de, em termos de histórico, Novembro e Dezembro serem meses de consumos mais baixos, é importante para não acelerar o esgotamento da barragem.
Em algumas aldeias vão manter-se em funcionamento captações locais que, com o devido tratamento, garantem o abastecimento às populações e poupam o que resta da albufeira da Fontelonga. Estas alternativas mantiveram-se activas depois do susto do Verão de há quatro anos, em que a ruptura no abastecimento esteve eminente. Desde então, foi feito o desvio da ribeira de Belver para a barragem, que ajudou ao aprovisionamento durante o passado Inverno. Não fosse isso, há muito que o concelho de Carrazeda estaria a braços com problemas de água.