Aos primeiros dias do corte de três anos da Rua Clemente Meneres, moradores e comerciantes já sofrem efeitos da empreitada da estação.
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Se já tinham levado com um primeiro impacto dos trabalhos de expansão do Metro e da futura Linha Rosa, quando, em setembro, o Jardim do Carregal foi cortado a meio, vedando a passagem a muita frequência pedonal, moradores e comerciantes da Rua Clemente Meneres levam, agora, com o cenário mais temido, anunciado para um mínimo de três anos. O corte ao trânsito abriu caminho à maquinaria para a construção da estação do Hospital de Santo António, desviou automóveis, entaipou passeios, vedou garagens e limitou o acesso pedonal aos residentes. Queixam-se, sobretudo, os estabelecimentos comerciais, que já constituíram um advogado para obtenção de possíveis reparações. Fonte da Metro do Porto diz ao JN que a empresa "está a estudar compensações".
"De 12-1-22 a 21-10-24". À entrada do estaleiro, anuncia-se a duração dos trabalhos de construção da futura estação do metro. "Mas isso é se correr bem. Também pode demorar quatro a cinco anos. Foi o que nos disseram nos contactos com a Metro. Seja como for, bastaram dois dias para se notar a quebra abrupta dos clientes. A esta horas, pelas 16.30 horas, ainda estava a servir almoços, agora, é o que se vê. Nem lanches", diz a proprietária da Tasquinha Zé Povinho.
"É muito triste ver esta rua ficar vazia assim tão de repente. Bem sei que a estação vai ser boa para os moradores e comerciantes, mas não sei como vamos aguentar três anos, se correr bem", acrescenta Andreia Silva, de 50 anos, instalada há sete atrás daquele balcão.
"A angústia" desta comerciante é a mesma dos donos dos outros negócios. Na "Casa das Laranjinhas", Fernanda Pereira, de 62 anos, vê "dias negros". "Não me vieram dar fartura nenhuma. Bem pelo contrário. Bem sei que têm que fazer as obras, mas, assim, não há moral", diz a dona da tasca do número 102 da Rua Clemente Meneres.
Mais acima, no número 49, a perspetiva do estabelecimento de ótica "Através do Olhar" também não é a melhor. "Apanhámos o fim das obras do túnel de Ceuta, o corte do jardim, em setembro, e, agora, o da rua. Foi sempre em decréscimo", lamenta-se Alexandre Santos, de 48 anos, patrão do estabelecimento fundado em 2005.
Avaliação de danos
Por estas e outras queixas, uma dezena e meia de comerciantes do Carregal e da vizinhança já constituíram um advogado. "O que nos disseram, da Metro, é que procurariam minorar os efeitos das obras. Vamos proceder ao levantamento dos danos dos comerciantes em cada situação concreta e exigir reembolso à Metro. Vamos aguardar e ver como isto se vai refletir", disse ao JN o advogado José Fernandes Martins, mandatado por procuração de 15 estabelecimentos comerciais.
Fonte da Metro disse ao JN que a empresa já encarregou "uma equipa exterior e independente" para avaliar o impacto da obra entre residentes e comerciantes. "Ainda é cedo para fazer avaliações. Mas vamos cumprir, ainda que a lei seja muito restritiva, tratando-se de uma obra pública e de interesse público".
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Promoção
Para atenuar o efeito das obras, a Metro prepara uma campanha de promoção do comércio de rua em toda a frente da obra de construção da Linha Rosa, no Carregal mas também nos Loios, na Praça da Galiza e na Boavista.
Linha Rosa
A nova ligação terá três quilómetros de extensão e será subterrânea. Terá três estações, desde S. Bento até à Casa da Música, ligando o Hospital de Santo António à rede. Vai custar 189 milhões de euros.