Rui Moreira recusa autorizar o arranque de mais empreitadas do metro no Porto enquanto não terminar a construção da nova linha Rosa. Em causa estão os atrasos dos trabalhos nas nove frentes de obra que, contabilizados pela Autarquia, atingem um total de quase dois mil dias e provocam "uma verdadeira disrupção do normal funcionamento da cidade".
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A posição do autarca, enviada na quinta-feira por escrito ao presidente do Conselho de Administração da Metro, Tiago Braga, põe em causa o avanço das obras da segunda linha para Gaia, cujo início está previsto para 2023, e do metrobus na Boavista, que deveriam arrancar ainda neste ano. Contactada pelo JN, a Metro não quis comentar.
A linha Rubi será a segunda ligação de metro a Gaia e representa um investimento de 300 milhões de euros, financiado a fundo perdido pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Esta circunstância obriga a concluir a obra (ponte nova incluída) até 2026. O cumprimento deste prazo poderá, agora, estar em causa. Quanto às obras da linha Rosa, que arrancaram em março de 2021, previa-se a sua conclusão para final de 2024.
Na carta assinada por Rui Moreira, e a que o JN teve acesso, o autarca escreve que os serviços da Câmara constataram "que praticamente todas as frentes de obra apresentam excessivos atrasos", situação que se estende à construção da infraestrutura para o desvio do rio da Vila.
"Implicações graves"
"Como é possível constatar, nada do que foi planeado está a decorrer normalmente", verifica Moreira, acrescentando que "tal situação tem implicações graves no escoamento do tráfego da cidade e, por consequência, na circulação dos transportes públicos, nomeadamente da STCP".
O presidente da Câmara do Porto queixa-se ainda de terem sido canceladas, pela Metro do Porto, as reuniões do grupo de trabalho, que deveriam ser realizadas "de 15 em 15 dias". Este grupo, "de cariz técnico", foi constituído pela Câmara do Porto, STCP Serviços, Metro, empreiteiro e entidade fiscalizadora da obra com o objetivo de "partilhar o ponto de situação da empreitada".
Galiza com maior atraso
Rosa e dos cais da linha Rubi, existe um atraso de 215 dias" que não permitiu ainda dar início à segunda fase dos trabalhos.
Quanto à construção da nova estação da Praça da Liberdade, a partir do Largo dos Loios, e com ligação à Estação de S. Bento, a Câmara do Porto diz que a sua conclusão "só irá acontecer no final de abril de 2025". Ou seja, quatro meses depois do previsto.
Segundo a Autarquia, o maior atraso no que toca a frentes de obra é na Galiza, "na qual está a ser construída uma nova estação": são contabilizados 275 dias.
Extensão até Vila d'Este
A extensão da linha Amarela, desde Santo Ovídio até Vila d'Este, em Gaia, está em obra e o fim dos trabalhos prevê-se que aconteça no final de 2023. O traçado terá três novas estações: Manuel Leão (subterrânea e localizada junto à Escola Soares dos Reis e à RTP), Hospital Santos Silva e Vila d'Este. Devido à empreitada, o túnel em Santo Ovídio está vedado ao trânsito automóvel desde novembro de 2021. Na altura, foi anunciado que o encerramento duraria 18 meses. No mês passado começou a ser colocada, por fases, a plataforma do viaduto que assegurará a ligação entre Santo Ovídio e Manuel Leão, antes de o percurso ser feito em túnel.
Pormenores
Investimento
A construção da linha Rosa representa um investimento de 189 milhões de euros. O percurso de três quilómetros, subterrâneo, servirá, por exemplo, o Hospital Santo António, o Pavilhão Rosa Mota, a Praça da Galiza e as faculdades do polo do Campo Alegre.
Quatro estações
A construção da linha Rosa foi adjudicada ao consórcio luso-espanhol Ferrovial/Alberto Couto Alves. A ligação contempla quatro novas estações: S. Bento (ligação à linha Amarela), Hospital Santo António, Praça da Galiza e Casa da Música (ligação às linhas Azul, Vermelha, Verde, Violeta e Laranja).