A presidente da Castanheira de Pera anunciou que a vila vai passar a ter uma residência literária, no âmbito do Festival Literário Internacional do Interior elogiado este sábado por Marcelo Rebelo de Sousa.
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A Casa Bissaya Barreto vai ser transformada numa residência literária "no curto prazo", afirmou a presidente do município, Alda Correia, durante a sessão solene da primeira edição do Festival Literário Internacional do Interior, que decorreu em Castanheira de Pera, um dos concelhos mais afetados pelo fogo de Pedrógão.
A residência literária naquele edifício (cedido pela Fundação Bissaya Barreto à autarquia) vai ser uma oportunidade "para dar vida àquela casa", referiu a autarca, esperando que o projeto possa trazer "mais gente" até à vila.
No discurso, Alda Correia elogiou também a ideia de se criar um festival literário em 11 concelhos da região Centro afetados pelos grandes incêndios de 2017, notando a importância de levar manifestações artísticas a municípios onde "o acesso à cultura é deficitário".
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, presente na sessão, referiu que aceitou o convite para ser patrono do festival, que decorre em 11 concelhos afetados pelos grandes incêndios de 2017, mas não de forma pessoal.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, o patrono deve ser "o Presidente da República e não o titular momentâneo", querendo, desta forma, comprometer "institucionalmente o órgão de soberania" para que esse vínculo não se "transforme numa realidade transitória".
Segundo o chefe de Estado, o festival também aponta para a necessidade da "rutura, da superação, das desigualdades e das assimetrias", voltando a alertar para as mudanças que são necessárias para não haver "portugais" a diferentes velocidades dentro do mesmo país.
"Ou há uma mudança cultural, ou não vamos lá", advertiu Marcelo Rebelo de Sousa, que, durante o dia de hoje, passado por Castanheira de Pera, vincou e repetiu a ideia da necessidade de haver coesão social no país.
Ana Filomena Amaral, presidente da Arte-Via Cooperativa, promotora do festival, sublinhou que a junção de 11 municípios no evento é o sinal claro de que só com "sinergia" é que o interior pode resistir.
O Festival Literário Internacional do Interior começou na sexta-feira e termina na terça-feira, levando até ao território afetado pelas chamas nomes como Pedro Mexia, Nuno Júdice, Maria António Palla, José Luís Peixoto ou Luís Sepulveda.