A coordenadora do BE, Catarina Martins, afirmou este domingo que "as maiorias absolutas são trágicas" e "uma má ideia", lembrando o que foram as do PS.
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Num almoço da campanha autárquica que reuniu mais de 400 pessoas em Lisboa, Catarina Martins disse que "talvez a coisa mais importante que o país descobriu" ao fim de dois anos da atual solução governativa "foi que as maiorias absolutas são uma má ideia", apelidando-as mesmo de "trágicas".
Se o PS tivesse tido maioria absoluta teríamos hoje um país diferente
"Hoje António Costa diz aos portugueses que se o PS tivesse maioria absoluta, no fundo, ia dar ao mesmo. Todos nós sabemos que isso não é verdade. Se o PS tivesse tido maioria absoluta teríamos hoje um país diferente", disse, recordando aquilo que era o programa dos socialistas para as legislativas de 2015 em matéria de congelamento de pensões ou de salário mínimo nacional.
Mas se a líder lembrou as propostas eleitorais do PS, fez também questão de reavivar a memória dos portugueses sobre "o que foi o PS com maioria absoluta" nos governos que liderou.
"O que os portugueses sabem hoje é que foi o fim das maiorias absolutas que lhes trouxe estabilidade à sua vida concreta, que trouxe estabilidade ao que verdadeiramente conta", sublinhou. É não existir maioria absoluta, continuou Catarina Martins, "que dá a quem vive em Portugal mais estabilidade hoje nas condições de vida, mais esperança, mais expectativa criada em dois anos do que todas as décadas de maioria absoluta".
"Dar o salto"
Catarina Martins foi perentória ao afirmar a intenção do BE é conquistar um vereador na autarquia da capital, à qual o partido apresenta como candidato o deputado municipal Ricardo Robles.
"Queremos dar o salto nas autarquias. Queremos crescer, sim. Mas queremos sobretudo mudar o mapa autárquico", disse, em relação ao plano nacional.
Onde "abundam maiorias absolutas, aparentemente eternas e incontestáveis", a líder do BE quer "construir alternativas à esquerda" e onde "domina autoritarismo, clientelismo e compadrio", os bloquistas pretendem "encontrar transparência, exigência e direitos das populações".
Quem sabe a diferença que o BE está a fazer no país, sabe a diferença que o BE vai fazer em cada autarquia
"Quem sabe a diferença que o BE está a fazer no país, sabe a diferença que o BE vai fazer em cada autarquia", enfatizou.
Em Lisboa, a maioria absoluta do PS, segundo Catarina Martins, "não deu nada à cidade", criticando "o poder absoluto" do socialista Fernando Medina e recordando que "muitas das escolhas mais erradas e mais gritantes teriam passado incólumes se não tivesse havido um deputado municipal" como Ricardo Robles a denunciá-las.
"Proponho o seguinte exercício: se o deputado municipal Ricardo Robles pôde fazer tanto perante num executivo empoleirado numa maioria absoluta, o que poderá fazer o vereador Ricardo Robles num executivo sem maioria absoluta, em que a força do BE possa ser determinante", questionou.
A mudança do mapa autárquico que o BE quer fazer no dia 1 de outubro é extensível à Câmara de Lisboa, onde Catarina Martins acredita ser "possível transformar a política autárquica".
"O Ricardo Robles é o vereador inteiro, o mandato inteiro, pela cidade inteira que Lisboa precisa", garantiu.
O final do discurso - que tinha começado com Catarina Martins, em linguagem gestual portuguesa, a assinalar Dia Mundial do Surdo - foi com a líder do BE a chamar ao palco todos os candidatos do BE às autarquias do distrito de Lisboa, tendo referido, sobre cada um deles, as suas principais lutas.
Nas eleições de 1 de outubro concorrem em Lisboa Assunção Cristas (CDS-PP/MPT/PPM), João Ferreira (CDU), Ricardo Robles (BE), Teresa Leal Coelho (PSD), o atual presidente Fernando Medina (PS), Inês Sousa Real (PAN), Joana Amaral Dias (Nós, Cidadãos!), Carlos Teixeira (PDR/JPP), António Arruda (PURP), José Pinto-Coelho (PNR), Amândio Madaleno (PTP) e Luís Júdice (PCTP-MRPP).