As 263 éguas e 28 garanhões que vivem na serra da Cabreira, em Vieira do Minho, vão passar a fazer a pastagem numa área de cerca de 100 hectares, com o objetivo de prevenir os incêndios florestais.
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O protocolo que une o Município à REN, à Associação de Criadores de Equinos da Raça Garrana e à Associação Para o Ordenamento da Serra da Cabreira (APOSC) pretende, também, contribuir para a preservação da espécie garrana, em vias de extinção.
"Temos a responsabilidade de fazer a gestão dos combustíveis que estão debaixo destas linhas [de alta tensão]. O que vamos fazer é estabelecer pontos de água e melhorar as pastagens para os animais permanecerem nestes locais", elucidou João Gaspar, responsável pela área de Redes Sustentáveis e Servidões da REN, acrescentando que nas áreas a que os animais não chegarem, o trabalho de limpeza será feito pelas equipas de sapadores florestais da APOSC.
O protocolo, assinado esta quarta.-feira, prevê ainda que a empresa de energia construa uma vedação de quase 25 quilómetros, junto à Nacional 103, "evitando alguns acidentes fatídicos", sublinhou o presidente da Câmara, António Cardoso. O autarca adiantou que, além disso, os garranos estão "todos identificados" e têm "chips" com GPS que permite aos criadores "encontrá-los facilmente".
Sete mil quilos por dia
Segundo José Leite, veterinário municipal e secretário técnico do livro genealógico da raça garrana, estas éguas e garanhões "conseguem fazer grandes distâncias sem se cansarem". Em média, cada animal, consome 20 a 25 quilos de alimento por dia, o que significa que os 291 garranos na serra da Cabreira poderão fazer uma limpeza diária de cerca de sete mil quilos de vegetação.
Ao mesmo tempo, o especialista destaca o interesse do projeto para preservar "uma raça milenar". José Leite adiantou que será recolhido sémen dos animais "para guardar e garantir a manutenção da espécie". "Atualmente, temos 1500 exemplares dos 60 mil que havia há 50 anos atrás", contabilizou o veterinário.
"É um projeto inovador, em que vamos fazer barreiras para que o gado da raça garrana possa pastorear e alimentar-se de grande parte da faixa da gestão de combustível que existe na serra. Se houver ignições de fogos florestais, são mais facilmente combatidos", concluiu António Cardoso.