As portas estão abertas mas não há médicos lá dentro. Vários utentes do centro de saúde de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, mostraram-se, esta quarta-feira, surpreendidos com o facto de aquela unidade estar aberta mas não ter médicos disponíveis. Em resposta o JN, a Unidade Local de Saúde de Matosinhos diz que foram chamados médicos de família de outras unidades de saúde "para colmatar esta necessidade".
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Sem reparar nos avisos afixados na porta, Maria Albertina Nogueira entrou no centro de saúde de Santa Cruz do Bispo certa de que conseguiria marcar uma consulta para o pai, de 89 anos, acamado. "Perguntaram-me se não tinha reparado nas folhas lá fora, porque não há médicos", revolta-se a matosinhense de 63 anos, lamentando ser "a única da freguesia" a denunciar a situação.
"Até já esteve para fechar"
Nas duas folhas afixadas na porta de entrada pode ler-se que um dos médicos está ausente e outro está de férias até 14 de março. "Toda a gente tem direito a férias. Não é isso que está em causa. Mas tem de vir alguém substituir", observa Maria Albertina Nogueira, exaltada. "Este centro de saúde até já esteve para fechar", sublinhou, denunciando o prolongado mau funcionamento daquela unidade de saúde.
A Unidade Local de Saúde (ULS) de Matosinhos explica que a situação deve-se à "dificuldade em garantir a presença de médicos". Além disso, "um dos dois especialistas de Medicina Geral e Familiar" adoeceu e "uma das médicas está de férias, adiadas sucessivamente por necessidade de serviço".
Mais acrescenta aquela entidade que "nenhum utente fica sem resposta". Isto porque, "além de um conjunto de serviços mínimos que foram definidos, médicos de família de outras unidades de saúde foram chamados a colaborar para colmatar esta necessidade".
Desta forma, garante a ULS, "nos próximos dias, as consultas serão realizadas tipo consulta aberta, de manhã das 9 horas às 12.20 horas, e de tarde das 14 horas às 15.40 horas. Também será garantido o atendimento para prescrição de medicação crónica".
"Vimos cá e não há médicos"
À medida que José Barroso se aproximava da entrada, as críticas de Maria Albertina ecoavam pela Rua Manuel dos Santos Conceição. Com uma lista de exames na mão, o professor de 58 anos "ia pedir um P1". "Preciso mesmo de fazer estes exames", confessa o utente, quase incrédulo com a falta de médicos.
Perante o relato da situação pela voz de Maria Albertina, José Barroso atira: "Dizem para não enchermos as urgências e nos dirigirmos aos centros de saúde. Vimos cá e não há médicos".
A ULS de Matosinhos recorda que "a construção da nova Unidade de Saúde Familiar Progresso, em Perafita, já em curso, pretende também dar resposta a esta situação e aos utentes aí inscritos (não mais de dois mil)".