Imigrantes viviam em condições indignas. Casos ocorreram num mês em Pias, Serpa, e em Cabeça Gorda.
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Em menos de um mês três grupos de imigrantes timorenses, num total de 92, foram despejados ou obrigados abandonar locais onde viviam em "condições indignas" no distrito de Beja. Sem trabalho e sem comida acabaram ajudados por autarquias e instituições.
O último caso ocorreu, anteontem, na freguesia de Pias, concelho de Serpa, quando a Segurança Social realizou uma ação inspetiva às condições em que viviam 24 timorenses, fazendo-se acompanhar por elementos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), GNR, CLAIM-Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, Junta de Freguesia de Pias e Proteção Civil Municipal de Serpa.
Os imigrantes, trabalhadores agrícolas, não tinham contrato de trabalho e encontravam-se a viver numa habitação em condições desumanas, sendo realojados temporariamente. Em comunicado, a Câmara de Serpa fez saber que "respondeu a uma situação de emergência e, a solicitação da Segurança Social, assumiu a responsabilidade de realojamento temporário daqueles cidadãos, garantindo ainda a entrega de alimentação, enquanto for necessário".
O oficial do gabinete de Relações Públicas da GNR de Beja confirmou a falta de condições da habitação. O major Rui Fernandes disse ao JN que "as quatro mulheres [que estavam no grupo] foram para o Algarve, por eventualmente terem trabalho".
Já no sábado, em Cabeça Gorda, em Beja, 40 trabalhadores timorenses, (39 homens e uma mulher), foram despejados da casa onde estavam por eventual falta de pagamento da renda. O imóvel é propriedade de um empresário do Paquistão, que contrata e arrenda casas aos imigrantes, no distrito de Beja, desde 2018.
Promessa de trabalho
Depois de conhecer a situação, a Segurança Social encaminhou os imigrantes para a antiga Casa do Estudante, gerida pela Cáritas Diocesana de Beja. Quando ainda estavam em Cabeça Gorda, as refeições eram transportadas pela Junta, mas fornecidas pela Cáritas.
A 29 de julho, 28 imigrantes de Timor-Leste, que vieram para Alentejo com a promessa de trabalho regulamentado e remunerado, deixaram as casas onde viviam por ordem do mesmo empresário paquistanês. Foram acolhidos pela Junta, ficando durante nas instalações da antiga Casa do Povo, onde também faziam as refeições.