Isabel Camarinha, da CGTP, apelou, esta quarta-feira, à intervenção do presidente da República na defesa dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos, falou na hipótese de o Governo "nacionalizar" a empresa e disse que a pandemia não é razão para o fecho, pois "em maio a Galp distribuiu 600 milhões de euros, em dividendos, aos acionistas".
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A secretária-geral da CGTP participou no plenário dos trabalhadores, de onde saiu uma moção no sentido de "reverter" a decisão anunciada pela administração da Galp relativa ao encerramento da refinaria. A moção será enviada para "todos os grupos parlamentares e ministérios do Trabalho, Economia e Ambiente, presidente da República e entidades municipais".
Para o próximo dia 12 de janeiro, data da reunião de Câmara de Matosinhos, está prevista uma concentração junto aos Paços do Concelho.
À porta da refinaria, após o plenário, Isabel Camarinha considerou que o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "tem uma palavra a dizer" acerca da decisão da Galp. Também disse que "o Governo tem enormes responsabilidades" e classificou a situação como "um atentado à economia" do país. "O que acabará por acontecer, se a refinaria encerrar, é que passaremos a ir buscar o combustível a Espanha", alertou.
Quanto às "dificuldades resultantes da pandemia", uma das razões invocadas pela administração para acabar com a produção em Leça da Palmeira, declarou que não faz sentido, pois "em maio a Galp distribuiu 600 milhões de euros, em dividendos, aos acionistas".
Telmo Silva, sindicalista e membro da Comissão de Trabalhadores, aludiu à questão dos fundos europeus e perguntou se a propalada "bazuca de milhões de euros que está para chegar serve para criar ou destruir emprego?"
À imagem da secretária-geral, Telmo Silva defendeu a manutenção de todos os postos de trabalho. "Este local [refinaria] tem potencial para laborar, seja com lítio, outra fonte energética ou outra matéria", afiançou.
No comunicado saído do plenário, é feito o "apelo ao investimento em alternativas sustentáveis em paralelo com a atividade existente no caminho da transição energética justa e socialmente sustentável".
O membro da Comissão de Trabalhadores lamentou o "silêncio" do Governo, nomeadamente de "António Costa, que foi o primeiro a saber da decisão da Galp e está calado". Como defendeu a líder da CGTP, também Telmo Silva realçou que "o Governo tem que intervir o mais urgentemente possível".
Ainda sem data marcada, a ida a Lisboa, para protestar junto do primeiro-ministro, também faz parte da lista das ações a levar a cabo.