Com 53 festivais gastronómicos nos últimos 20 anos, o presidente da Câmara da Lousã, Luís Antunes, acredita que os eventos têm contribuído para a atratividade do concelho, com pelo menos 150 mil visitantes. É por isso que, entre 14 e 23 deste mês, a chanfana volta a ser “rainha” na Lousã, com 24 restaurantes.
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“É um número expressivo e que retrata a importância dos festivais gastronómicos para a economia local, em particular para o setor da restauração”, afirmou esta segunda-feira o autarca, na apresentação do certame, na Lousã. Em duas décadas, os festivais registaram a participação de 63 restaurantes.
O primeiro festival gastronómico organizado na Lousã foi o Festival da Caça e da Pesca, em 2006. Nesta altura, há apenas três a terem lugar durante o ano e que promovem os produtos endógenos e receituário regional: a chanfana, o cabrito e o mel e a castanha.
Para o autarca, os festivais potenciam a qualidade gastronómica do concelho e promovem a qualificação da oferta turística e gastronómica. “São um contributo para a inovação, para a introdução de novas abordagens em termos gastronómicos do nosso concelho”, acrescenta.
97% de satisfação
Segundo os inquéritos de avaliação aos festivais gastronómicos, introduzidos em 2023, 97% dos clientes avaliaram as refeições como boas ou muitas boas. Os dados recolhidos indicam que 20% dos comensais são da Lousã e 80% de outras localidades.
Anabela Freitas, presidente em exercício do Turismo Centro de Portugal, deixou o desafio de associar o vinho à gastronomia. “Não há gastronomia sem vinhos. Porque não - mais uma experiência que podem acrescentar a edições futuras - acrescentar a experiência da harmonização do vinho com o prato?”, questionou hoje na Lousã. Anabela Freitas argumenta que pode ser uma conjugação importante para o concelho. “Estão a pôr mais pessoas, estão a aumentar a cadeia de valor do turismo, estão a gerar mais receita e estão a fixar durante mais tempo as pessoas no território”, justifica.
O Burgo, a Casa Velha e a Churrasqueira Borges são os restaurantes que mais participações somam em 20 anos de festivais gastronómicos na Lousã.
António Dias, do restaurante Burgo, apontou, no entanto, que o trabalho começou há mais de duas décadas, recordando a participação num evento em 1992 em Santarém. O restaurante deixou de lado o arroz de marisco e o bife a cavalo, para se focar na gastronomia regional. “O que mais eu ouvia era “Lousã? Onde é a Lousã? O que é a Lousã?”. Essa experiência vivia-a durante anos. Foi ficando mais fácil. Depois entram os festivais de gastronomia e, hoje, temos a serra cheia e casas cheias”, sublinhou António Dias.
Uma ideia partilhada esta segunda-feira por Emília Costa, do Restaurante Casa Velha. “Sinto que os festivais foram um motor de arranque também para ajudar a por a Lousã no mapa. Hoje, toda a gente sabe onde fica”. Para Emília Costa, os festivais “são enriquecedores” para a comunidade, para a região e para todos os parceiros. “Todos nós beneficiamos”, aponta.
Alice Borges, da Churrasqueira Borges, recorda que, no início, sentiu alguma resistência, mas acabou por aderir. “Hoje estou aqui”, atira. Alice confirma que “vem gente de todo lado” para a comer chanfana.
A chanfana - feita com carne de cabra assada lentamente em vinho tinto,numa caçarola de barro - é “rainha” deste festival, mas haverá outras iguarias para degustar, numa oferta “com diferentes abordagens”, segundo Henriqueta Oliveira, vice-presidente da Câmara.
Entre as ofertas nos restaurantes aderentes, há para provar empadas de chanfana, rissóis de chanfana, arroz de chanfana, mas também outros produtos da região como o mel, o Licor Beirão ou a castanha.
Ao evento juntam-se ainda parceiros locais, com oferta de descontos. “Cada ano temos mais associados nestas parcerias, desde o alojamento a empresas de turismo que se associam ao festival e, durante este período, fazem promoções especiais a quem nos visita”, sublinha Henriqueta Oliveira.
O evento conta ainda com uma programação cultural paralela. O Teatro Municipal da Lousã recebe, a 15 de fevereiro, o concerto de Jorge Palma e, a 21 de fevereiro, os “Amigos da Treta”.
No Museu Professor Álvaro Viana de Lemos vai estar patente a exposição “Um ano nos arrozais do Baixo Mondego - Uma deambulação fotográfica” de Nuno Furet.
A Biblioteca Municipal Comendador Montenegro recebe, entre 14 de fevereiro e 15 de Março, a exposição “20 anos de Festivais Gastronómicos”.