Dez médicos de Medicina Interna com funções de chefia na Urgência do Hospital de Braga apresentaram demissão do cargo, na última semana.
Corpo do artigo
Em causa está a "perda de horas de descanso" e a acumulação do trabalho assistencial com a gestão de equipas. A administração garante "estar em diálogo" com profissionais em causa e rejeita que situação esteja a trazer prejuízos para os utentes.
"Quando estão no exercício de funções como chefes de equipa, estão ao mesmo tempo a prestar atividade assistencial numa unidade de Cuidados Intermédios do serviço de urgência. É inacreditável, é uma situação que não pode acontecer", denuncia Hugo Cadavez, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), sublinhando que as demissões são resultado de uma "insatisfação crescente ao longo dos últimos meses".
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, promete uma visita em breve ao Hospital de Braga. Além de criticar a acumulação de funções imposta aos especialistas, o dirigente diz que "é lamentável não estarem a ser dados os descansos compensatórios" para quem trabalha ao fim de semana.
"As pessoas não pararem para recuperar é uma situação inaceitável", reforça Miguel Guimarães, expressando "solidariedade" aos especialistas, tal como Hugo Cadavez, que fala de "uma situação preocupante".
São metade
Ao JN, chegaram ainda várias críticas quanto à atitude do diretor da urgência, Jorge Teixeira, que acusam de estar a "atual ilegalmente", ao acumular funções e horas de trabalho, na sequência da demissão em bloco.
Mas a administração do hospital diz "desconhecer incompatibilidades" e até refere que os chefes que se demitiram são "metade do total" que faz parte daquele serviço.
Os responsáveis hospitalares garantem, também, que "os cuidados de saúde prestados aos doentes não se encontram comprometidos" e, quanto aos dias de descanso, "os horários estão de acordo com o previsto na lei". Ainda assim, esperam "um consenso célere" com os chefes, afirmaram ao "Jornal de Notícias".