A zona de acesso ao Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, ficou submersa, assim como as esplanadas do Parque Verde, além de outros estabelecimentos comerciais nas duas margens do rio Mondego.
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A Câmara de Coimbra ativou, ao meio da tarde, o plano de emergência para cheias e inundações.
Ana Maria Teixeira já vai no seu terceiro par de botas esta segunda-feira. Visivelmente nervosa, olha para o seu minimercado, na Rua de Baixo, na margem esquerda do Mondego, onde a água já chegou a um metro de altura, e desabafa: "Hoje foi horrível".
Proprietária do estabelecimento há 20 anos, já não via umas cheias assim "há 15 anos" e não se coíbe de criticar as entidades que "não fazem nada".
O que lhe valeu "foram os vizinhos", que ajudaram a salvar algum do 'stock'. Apesar da ajuda, olha desgostosa para o estabelecimento, onde as máquinas frigoríficas estão a boiar. "Ninguém se preocupa connosco", apontou, considerando que é essencial o desassoreamento do rio Mondego.
Também na margem esquerda, Milton Dias leva as mãos à cabeça enquanto pensa nos prejuízos do seu estabelecimento, onde bombas tentam drenar a água há cinco horas, mas em vão.
O proprietário do espaço perto do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (espaço que também foi afetado pelas cheias) conta que tudo começou por volta das 11.30 horas e que em duas horas ficou com "mais de um metro de água" dentro do estabelecimento. "Só na cozinha são mais de 50 mil euros", aponta.
A Câmara Municipal, em nota de imprensa, informou que a Comissão Municipal de Proteção Civil "acionou hoje o Plano Especial de Emergência para Cheias e Inundações".
"A ativação deste plano prende-se com a circunstância do débito de água na ponte açude superar os 1.000 metros cúbicos de água por segundo", explanou nessa mesma nota, referindo que o plano colocou "em estado de prontidão" cerca de 50 elementos dos Bombeiros Sapadores de Coimbra, Voluntários de Coimbra e de Brasfemes, e duas equipas do Grupo de Intervenção e Proteção e Socorro da GNR.
De acordo com o município, a situação ao início da tarde, "apesar de crítica", "apontava para uma estabilização do caudal de água do rio Mondego".
O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Coimbra afirma que o pico de cheia aconteceu às 16.30 horas, sendo expectável que dentro "de uma a duas horas comece a reduzir" o nível da água, por a Barragem da Aguieira "já ter começado a diminuir os caudais de descarga".
Segundo a fonte do CDOS, não há registo de desalojados, apenas "garagens, bares e esplanadas" afetados pelas cheias, assim como "alguns campos agrícolas" a jusante da ponte do Açude.
O CDOS refere ainda que há três estradas municipais cortadas ao trânsito, "mas são vias secundárias" e que não afetam a circulação automóvel.
Já a PSP afirma que o túnel de acesso entre a avenida Fernão de Magalhães e a margem esquerda está cortado, bem como pequenas vias junto à avenida Inês de Castro e o parque de estacionamento junto ao Exploratório.
Também o parque de estacionamento do Parque Verde está encerrado. "Não é comum", disse à Lusa um segurança.