Depois de uma semana de chuva persistente e de tempestades, S. Pedro deu tréguas na manhã deste domingo e deixou o sol iluminar a 19ª edição da Maratona do Porto, que contou com 12515 participantes de 68 países.
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É certo que houve aguaceiros intermitentes, já na reta final da Maratona do Porto e dos outros dois desafios paralelos - a corrida da família e uma caminhada -, mas a pouca água que caiu foi como uma bênção para as mais de 12 mil almas que participaram no evento e que esperavam um tempo bem mais agreste. Enganaram-se: depois de uma semana de chuva persistente e de tempestades, S. Pedro acedeu em dar tréguas na manhã deste domingo, e até deixou o sol iluminar a 19ª edição da prova de atletismo.
"Esteve maravilhoso. Estávamos à espera de chuva e de vento e esteve mesmo bem", sorria Vítor Pinto, o rosto iluminado pelos olhos tão azuis quanto o mar que desaguava revolto lá em baixo, diante da rotunda da Anémona, em Matosinhos. "S. Pedro ajudou-nos", concluía a mulher, Ana Penha, já a antever o regresso no próximo ano, para voltar a participar na corrida da família, um percurso de 10 quilómetros batizado pela organização do evento de Family Race e que integra a APO Corrida dos Ossos Saudáveis, fruto da parceria com a Associação Portuguesa de Osteoporose, cujo objetivo é promover a saúde óssea. A prova, que neste ano, devido às condições climatéricas adversas, viu o percurso ser alterado e, por isso, aumentado em cerca de dois quilómetros, tem uma vertente solidária, com um euro de cada inscrição a reverter para a APO.
Incentivo para os mais novos
Para o casal Vítor e Ana, participar na corrida da família com os filhos, Rafael, de 15 anos, e Gabriel, de sete, não poderia fazer mais sentido: vivem em Campo Maior, no Alentejo, e o evento é também pretexto para uma visita à família dele, que é portuense de berço. "Juntamos o útil ao agradável; é um dois em um", torna a sorrir Vítor. Os herdeiros juram que gostaram da experiência, e ambos garantem que é para repetir. "É um incentivo que lhes damos. Se podemos dar-lhes algum exemplo, tem de ser este, porque, hoje em dia, agarrados aos telemóveis e às redes sociais... Não é fácil..", nota Ana Penha, satisfeita, contudo, por os filhos terem correspondido ao desafio da atividade física.
É também pelo "incentivo para as filhas fazerem desporto" que Rui e a mulher, Marta, correm. Viajaram desde a Irlanda, onde vivem, até ao Porto "de propósito" para participarem no evento. Entre natação, ballet e ginástica acrobática, as pequenas Inês, de 11 anos, e Matilde, de nove, estão familiarizadas com a atividade física, e esta é a segunda vez que participam na prova do Porto. "Sempre gostei de desporto, mas, na minha geração, os nossos pais não davam tanta importância a isso, nem tanto incentivo", observa Rui, para quem a iniciativa é, também, uma oportunidade para "passar um pouco de tempo em família".
Cumprido o trajeto de seis quilómetros da caminhada Fun Race, pai e filhas ainda teriam de aguardar pela chegada à meta de Marta, que é a grande entusiasta da participação da família nas corridas e ainda corria os 42 quilómetros da maratona. Inês, que "foi sempre à frente" do pai e da irmã durante o percurso, assegura que vai repetir o desafio no próximo ano, mas faltará convencer a pequena Matilde, que abana a cabeça para avisar que não volta a fazer a façanha. "É muito cansativo", diz, envergonhada.
Iniciativa foi "sucesso"
A atleta Rafaela Fonseca, que subiu ao primeiro lugar do pódio da Family Race, tal como na estreia há três anos, conseguiu fazer a prova "sempre isolada, na frente da corrida", mas o vento nem sempre facilitou a tarefa. Sobretudo, na Avenida da Boavista e em Matosinhos, contou, ao JN. "Tinha vento, mas não tanto como iria ter o percurso original. E não apanhamos chuva, o que foi muito bom", notava a atleta, que, neste ano, não contou com a companhia dos filhos, de nove e seis anos, porque ambos, já iniciados no atletismo, "tinham uma prova". No próximo ano, Rafaela voltará a repetir a presença no evento.
Com um total de 12515 participantes - dos quais cerca de sete mil eram estrangeiros oriundos de 68 países - nas três provas da Maratona do Porto, o diretor da prova, Jorge Teixeira, referiu, ao JN, que as inscrições estão a "aproximar-se dos números pré-pandemia", o que "superou as expectativas, atendendo ao facto de que muitos voos estavam permanentemente a serem mudados de um dia para o outro, e houve muitos cancelados, desde quarta-feira".
"O que dizer disto? Para quem viu a semana, é um milagre estarmos com sol!. Tenho 68 anos, quase a fazer 69, e não me lembro de, numa semana, termos tido duas tempestades. Isso aconteceu, conseguimos superar, estamos aqui e as pessoas estão a chegar à meta com um sentimento de felicidade", orgulhava-se Jorge Teixeira, da Runporto, que viu a missão cumprida "com sucesso".
O vencedor da Maratona do Porto foi o queniano Emmanuel Kemboi.