Um funcionário da Câmara de Caminha e secretário da Junta de Freguesia de Vila Praia de Âncora recebeu, esta quinta-feira, uma fatura de água e saneamento no montante de 50688,10 euros.
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O valor diz respeito a consumo da sua residência particular, com um agregado familiar de quatro pessoas - um casal e dois filhos.
A fatura, respeitante ao período entre 31 de janeiro a 24 de fevereiro, foi emitida pela Águas do Alto Minho (AdAM), numa altura de forte contestação à empresa, que entrou em atividade em janeiro para sete municípios do distrito de Viana do Castelo.
Contactada pelo Jornal de Notícias, fonte da empresa lamentou o sucedido e afirmou que "identificou dois clientes com valores anormais de faturação", um deles Luís Matias, que já terá contactado no sentido de informar que serão emitidas "nota de crédito correlativa e nova fatura". E justificou. "Estes valores indevidamente faturados resultaram de uma anomalia do sistema de faturação e serão prontamente retificados".
"Recebi a fatura hoje ao meio dia. Ainda bem que comi primeiro e abri a carta depois", ironizou Luís Matias, que tentou ao longo da tarde contactar a empresa sem êxito. "Liguei várias vezes, mas ninguém atende os telefones. Entretanto, contactaram-me (cerca das 17.30 horas). Pediram imensa desculpa e disseram que foi um erro ao lançar o número de metros cúbicos. Já anularam a fatura, vão retificar e reenviar", contou Luís Matias, comentando: "Erros acontecem, mas é inadmissível enviarem cartas assim sem verificar. Se fossem 500 euros, até podia acontecer, mas um valor tamanho destes não é normal".
O secretário da Junta de Vila Praia de Âncora, que na assembleia municipal de Caminha votou contra a constituição da AdAM em 2019, manteve a boa disposição, em relação ao assunto. "Tinha de me tocar a mim que estou sempre a manifestar-me contra a empresa. Fui sempre contra e a Junta também votou contra", brincou, considerando que o aumento dos tarifários da água, desde a entrada em atividade da AdAM, está a provocar descontentamento. "Não sei se há mais erros deste género, mas sei que tem havido muitas surpresas. Ainda no outro dia me falaram de um caso de uma família de três pessoas que recebeu uma fatura de 180 euros", contou.
A contestação à AdAM, em atividade há quatro meses, continua a subir de tom. Uma petição online, ativa desde 12 de março e que esta quinta-feira conta 6419 assinaturas, pede "a revogação do contrato" de concessão e que a gestão do serviço volte para as autarquias "e com isso regressando aos valores faturados" até dezembro de 2019.
A coordenadora da CDU no Alto Minho, Cláudia Marinho, anunciou já que vai avançar com uma proposta, em sede de executivo municipal e de Assembleia Municipal de Viana do Castelo, para que a gestão da água e saneamento, desde janeiro nas mãos do grupo Águas de Portugal, seja reassumida pelos municípios.