Já começou a retirada da cobertura da bancada norte do Estádio do Varzim. A bem da segurança e com um olho no S. Pedro, a Câmara da Póvoa de Varzim assumiu o encargo de 160 mil euros. A ideia é ter tudo pronto a tempo do espetáculo das rusgas, previsto para 2 de julho, e que é um dos pontos altos da festa do santo pescador.
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"Havia ali um iminente estado de rutura da cobertura da bancada. Está em causa a segurança de pessoas e bens. Aquilo, de um momento para o outro, pode cair e, nesse sentido, a Câmara tem obrigação de intervir", afirmou, ao JN, o presidente da Câmara da Póvoa, Aires Pereira, justificando assim a intervenção da Autarquia.
A bancada norte do Varzim, recorde-se, está interdita desde agosto de 2021 (altura do regresso em pleno dos adeptos ao Estádio pós-pandemia) por decisão da comissão técnica da Liga Portuguesa de Futebol. Na altura, o relatório apontava o "iminente estado de rutura da cobertura".
O Estádio do Varzim, inaugurado em setembro de 1932, está localizado mesmo em frente à praia e tem, por isso, uma corrosão das estruturas muito acelerada. A bancada norte já tinha estado interdita na época 2015/2016. Na altura, acabou por ser a Câmara a assumir as obras. Em 2021, chegou a ter vedadas ao público as bancadas norte e poente.
sem verba
Sem capacidade financeira, o Varzim SC nunca chegou a fazer as obras e a bancada norte permaneceu interdita durante toda a época desportiva. Agora, com o regresso do S. Pedro, depois de dois anos de paragem forçada e numa altura em que os festejos comemoram seis décadas, a Câmara decidiu assumir os trabalhos.
"O problema prende-se com a cobertura. O que decidimos foi retirar essa cobertura, garantindo, assim, todas as condições de segurança naquela bancada", continuou a contar Aires Pereira.
A obra começou há 15 dias, mas os trabalhos revelaram-se mais complicados do que aparentemente poderiam parecer. A estrutura tem problemas sérios e corre o risco de se desfazer durante o processo. Ontem, chegou uma nova grua para ajudar na tarefa. O presidente da Câmara não quer dar falsas esperanças às rusgas, mas acredita que é possível ter tudo pronto a tempo do espetáculo de 2 de julho.
"Depende sempre de como decorrerem os trabalhos, mas a empresa está a fazer um grande esforço e, se não houver nenhum incidente de última hora, acho que vai ser possível ter tudo desmontado a tempo", frisou.
Aires Pereira diz que a Câmara avançou com a obra, vai pagar, mas vai, depois, reclamar o dinheiro ao Varzim SC. Quanto mais não seja, anualmente, a Autarquia atribui ao clube um subsídio de 300 mil euros para apoio à formação e o montante da obra na bancada norte será descontado desse valor.
Noitada com desfile e Tony Carreira junto ao casino
A ida das rusgas ao Estádio do Varzim, no dia 2, é um dos pontos altos das festas de S. Pedro da Póvoa de Varzim. Cerca de dez mil enchem, todos os anos, as bancadas para assistir à festa, vestidos com as cores do seu bairro e envergando faixas de apoio à sua rusga. Belém, Mariadeira, Matriz, Norte, Regufe e Sul são os grandes obreiros de uma semana de festa. Ainda antes, a 28, há a primeira noitada, com o desfile das rusgas pelas ruas da cidade, sardinha assada à porta, os tronos de S. Pedro, fogueiras e muita música. No dia 29, Tony Carreira anima a festa com um concerto junto ao casino.
Na Liga 3
Depois de uma época muito difícil, o Varzim SC desceu à Liga 3 depois de ter descido à II Liga em 2002. O estádio, há vários anos a reclamar obras, chegou a ter demolição prevista. O Varzim mudar-se-ia para o Parque da Cidade. A ideia foi abandonada em 2018.
À beira-mar
O clube alvinegro decidiu manter-se no atual estádio. A Câmara assumiu que, na sequência da requalificação do Varzim, Desportivo e Praça de Touros, custeará uma nova bancada nascente para o Estádio, orçada em três milhões de euros.