Coelhos vivos e mortos estão no mesmo espaço há mais de uma semana, sem alimento para sobreviver, na exploração Cunikiwi, situada em Canelas, Estarreja.
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Tudo devido a uma ação de penhora que arrestou os bens de José Flávio, proprietário da empresa, incluindo os cerca de cinco mil animais ali criados. Muitos dos coelhos já morreram, mas continuam vivos mais de quatro mil, que estão a definhar, lentamente, num cenário de horror.
Uma dívida de 7600 euros, de José para com a empresa M.C. Rios, SA, fornecedora de rações, esteve na base da ação de penhora, executada a 13 de novembro. "O agente de execução penhorou tudo, levou num camião as ferramentas com que eu trabalhava e deixou os coelhos. A partir do momento em que eles foram penhorados, deixo de ter responsabilidade de cuidar deles", diz José Flávio. Três dias depois, vendo que os animais continuavam sem ser removidos das instalações da empresa, entregou uma providência cautelar, no Tribunal de Oliveira de Azeméis, a pedir a remoção dos mesmos.
"O tribunal intimou o agente de execução a levantar os coelhos, o que ele não fez", assegura José Flávio. Mas o PAN - Pessoas-Animais-Natureza, que entretanto tomou conhecimento do caso, veio a público esclarecer que "o pedido foi negado, a 17 de novembro, por não se encontrarem preenchidos os pressupostos da remoção". "Note-se que, neste mesmo despacho, a que o PAN teve acesso, a juíza requereu a intervenção dos Serviços Sanitários (DGAV) e do delegado de Saúde", garantiu o partido, em comunicado.
A ração terminou
José Flávio diz que continuou a alimentar os coelhos até a ração terminar, o que veio a acontecer na quarta-feira passada, e que pediu ajuda a vários organismos e entidades, acabando por denunciar a situação à comunicação social local no fim de semana. "Hoje [ontem] de manhã, às nove horas, estava cá a Direção-Geral de Veterinária (DGAV), GNR, Câmara de Estarreja... tudo", contou.
Ao JN, fonte oficial da DGAV garantiu que aquele organismo público atuou mal teve conhecimento do caso, adiantando que ainda ontem os animais mortos iam ser retirados da exploração, em colaboração com o SEPNA (GNR), e que a alimentação dos coelhos ia ser assegurada. José Flávio garante que não era ele o responsável pela alimentação dos animais, porque se recusou a ficar como fiel depositário dos bens penhorados.