Marta Carvalho faz produção em troncos de carvalho. Investimento de 110 mil euros teve apoios comunitários.
Corpo do artigo
Marta Carvalho tem 30 anos e produz cogumelos shiitake biológicos, em Guimarães, que entrega à porta dos seus clientes, poucas horas depois de serem colhidos. O projeto foi distinguido, entre 1318 candidaturas, com Prémio Nacional de Agricultura, na categoria Jovens Agricultores. Marta vê a distinção como um incentivo a uma "espécie rara", que é "uma mulher jovem e licenciada a inovar na agricultura".
A formação em Ciências do Ambiente, na Universidade do Porto, e a pós-graduação em Engenharia Florestal, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, contribuíram para que Marta ganhasse uma paixão pelos produtos agroflorestais. "Na minha família não há agricultores, não temos propriedades rurais nem sequer heranças de terras. Foi um caminho que tracei sozinha, a partir da minha formação académica", conta.
A escolha dos cogumelos, "foi um misto de interesse pessoal pelo produto, o modo de produção e de verificar que havia potencial no mercado para esta cultura".
Na Quinta do Pulo, Marta produz os seus shiitakes em troncos de carvalho, inoculados com micélio (a parte vegetativa do fungo). "Escolhi o carvalho porque percebi que os cogumelos produzidos nesta madeira têm um chapéu com um castanho mais escuro, um sabor mais intenso e aguentam mais após colheita", revela.
Os troncos inoculados são mantidos, durante sete a nove meses, em pilhas, numa estufa, em condições ideais de temperatura e humidade. Quando o fungo toma conta de todo o tronco, a frutificação é induzida, através de um choque térmico que consiste em mergulhar os troncos em água. A colheita é feita manualmente, segue-se uma inspeção, o corte do pé e a embalagem, em cartão, por categorias de tamanho.
Hábitos estão a mudar
A qualidade é preocupação constante, "até porque metade da produção é vendida a pequenos consumidores, mercearias, restaurantes e consumidores locais, que são muito exigentes". O escoamento do produto não tem sido problema, "com os portugueses a mudarem de hábitos e a incluírem cada vez mais cogumelos na alimentação".
O projeto de Marta Carvalho ganhou tração na Incubadora de Base Rural, um programa da Câmara de Guimarães destinado a jovens agricultores e empreendedores, desempregados e agricultores que se dediquem ao modo de produção biológico. O investimento de 110 mil euros foi apoiado em 50% com fundos comunitários. A propriedade, de 2,8 hectares, em que está instalada a estufa foi alugada através do Banco de Terras de Guimarães.