Coimbra: o projeto para depressão pós-parto, o drone que “limpa” praias e a companheira de idosos
Três projetos ajudam a prevenir a depressão pós-parto, a identificar o lixo na costa e a estimular os mais velhos com um robô que lhes fala do que viveram.
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Ser mãe, “Be a Mom”, não é fácil e a Universidade de Coimbra sabe-o. Especialmente logo após o parto. “Alguns estudos apontam para que 20% das mulheres entrem em depressão”, diz ao JN Ana Fonseca, investigadora e docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação. Foi por isso que, com a colega Maria Cristina Canavarro, desenvolveu um programa de prevenção da depressão pós-parto, que pode ser utilizado sem sair de casa. É um dos três projetos da UC que o JN apresenta hoje, das centenas trabalhados na academia.
Basta um computador e acesso à internet. O “Be a Mom” é um programa autoguiado constituído por cinco módulos, que a mulher usa sozinha, ao ritmo e às horas que puder. “São abordados temas como as mudanças na maternidade, os valores de ser mãe, a relação conjugal e os sinais de alerta. No fundo, são dadas ferramentas de ajuda e informações úteis. No final do programa, e mediante as respostas, se houver sintomas de depressão, são encaminhadas para uma consulta da especialidade”, resume Ana Fonseca.
O programa foi testado com 1500 mulheres e os resultados foram “extremamente positivos”, de tal forma que já começou a ser implementado no Sistema Nacional de Saúde (SNS), nas Unidades Locais de Saúde (ULS) do Alto Ave, Viseu Dão-Lafões, Gaia-Espinho e Baixo Alentejo, onde está a ser utilizado por 430 mulheres. O “Be a Mom” já foi comprado por uma empresa norte-americana para ser usado nos Estados Unidos, revelou Ana.
Ambiente. Japão aproveita, nós ainda não
O lixo perdido nas praias é um problema ambiental mundial e, por isso, todos os anos Portugal tem de enviar à União Europeia uma lista com o lixo detetado em 18 praias representativas do país. A contagem é feita em troços de 100 metros, mas mesmo assim demora horas, por ser “à vista, ou dias quando se trata de limpar praias inteiras.
Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC criaram o “UAS4Litter”, um sistema de drones com sensores para a deteção e inspeção de lixo. O sistema recolhe imagens de praias, que são processadas num software que, com a ajuda da inteligência artificial, localiza e identifica o tamanho e os diferentes tipos de lixo”, explica ao JN Gil Gonçalves, um dos investigadores do projeto.
Gil realça o alcance deste sistema de “baixo custo”, que permite chegar a lixo escondido, nomeadamente em dunas, e lamenta que o Governo português não o tenha valorizado. “Houve contactos com a Agência do Ambiente, mas nunca mais disseram nada”. Pelo contrário, o Governo do Japão vai usá-lo na limpeza das suas praias, adianta.