O grupo Coindu afirmou, esta quinta-feira, que o apoio que beneficiou do Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR) para a reposição da situação económica pós-covid foi devolvido em outubro deste ano.
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Segundo um comunicado divulgado pela empresa, apesar daquele incentivo de 3,9 milhões de euros, obtido a título de “empréstimo convertível governamental”, a empresa “registou uma deterioração gradual das suas condições financeiras, fruto das condições do mercado”, o que levou ao fecho da unidade fabril de Arcos de Valdevez, anunciado há dias, com um despedimento coletivo, abrangendo mais de 350 trabalhadores.
“Esta decisão [encerramento] surge na sequência de uma avaliação aprofundada das condições de mercado e das oportunidades de negócio, o que tornou insustentável a continuação da atividade desta unidade”, justifica em comunicado a Coindu, reafirmando “a cessação das operações da sua fábrica de Arcos de Valdevez até ao final do corrente ano”.
O grupo justifica que, “nos últimos anos", o setor automóvel tem sofrido "uma crescente e profunda transformação, marcada pelo declínio significativo da procura pós-pandemia e pelo aumento da pressão competitiva dos mercados com custos de mão-de-obra mais baixos, considerados "concorrentes diretos”. A situação “conduziu a uma redução gradual dos projetos atribuídos” à unidade nos Arcos de Valdevez, que “apesar dos intensos e prolongados esforços”, não sobreviveu.
“Infelizmente não foi possível garantir novas oportunidades de negócio para manter esta fábrica ativa”, refere, explicando que “em 2022, a Coindu beneficiou de um empréstimo convertível governamental de 3,9 milhões de euros, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência Português (PRR), que visava apoiar a recuperação económica pós-Covid. No entanto, apesar desta intervenção — totalmente reembolsada antes do previsto, em outubro de 2024 — a empresa registou uma deterioração gradual das suas condições financeiras, fruto das condições do mercado”.
Decisão garante "sustentabilidade da empresa"
O grupo alude ainda, no comunicado, à recente “entrada do Gruppo Mastrotto” no capital da empresa, explicando que esta “visa estrategicamente estabilizar a situação, aumentar a competitividade da Coindu e abrir novas oportunidades internacionais”.
“A principal fábrica portuguesa, em Joane, Vila Nova de Famalicão, continuará as suas operações, com foco nos segmentos premium do mercado automóvel, onde está localizado o centro de inovação tecnológico e o Headquarter do Grupo Coindu”, sublinha, justificando também que a decisão de encerrar a fábrica de Arcos de Valdevez, “embora difícil, reflete uma necessidade objetiva de garantir a sustentabilidade da empresa”.
Tal como já tinha afirmado aquando do anúncio público do encerramento, António Cândido, CEO do grupo, a empresa manifesta intenção de desenvolver esforços para mitigar “o impacto humano e social” da sua decisão, “com a colaboração do Município dos Arcos de Valdevez”.
“Estamos a desenvolver um programa de apoio para ajudar os colaboradores a encontrar novas oportunidades de emprego, comprometendo-nos a manter um diálogo aberto e transparente com os todos os colaboradores, sindicatos, instituições e a comunidade de Arcos de Valdevez”, conclui.