Podem ter múltiplas cores, formas, tamanhos e usos distintos. Os lápis estão por todo o mundo, usados como ferramenta, acompanhando os tempos, assinalando acontecimentos, descobertas ou promovendo produtos e marcas. Com tantas características, não faltam motivos para que se transformem num singular objeto de colecionismo.
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Cerca de 30 colecionadores reuniram-se, esta manhã, na fábrica de lápis Viarco, em São João da Madeira, para trocarem exemplares e enriquecerem conhecimentos sobre estes objetos, ainda imprescindíveis.
"Não somos recoletores de lápis para depois os guardar dentro de uma caixa", assegura José Soares, um dos promotores do encontro deste grupo, designado de "Lapices del Mundo", e que junta colecionadores de Espanha, Itália, Argentina, República Dominicana, Costa Rica, México, Venezuela, Brasil, Colômbia e Portugal.
"A ideia deste grupo de colecionadores não é apenas recolher lápis, mas desenvolver os conhecimentos de tudo que se relaciona com eles, como a história e a documentação antiga disponível", explicou, referindo ser comum que cada colecionador opte por uma temática específica.
A colecionar há cerca de 20 anos, José procura os lápis de publicidade antiga onde não faltam referências, por exemplo a marcas de botões ou à indústria têxtil, passando pelos lápis ligados à temática do golfe.
"Desde o liceu que me liguei aos lápis através do desenho técnico. O cheiro característico da sua madeira, que nos faz lembrar a infância", partilha o colecionador, que conta com cerca de 20 mil exemplares. Em Portugal, lamenta, "infelizmente não há muitos colecionadores": "Conheço quatro ou cinco."
Já o espanhol Miguel Ángel, com 8953 exemplares, começou por "acumular lápis" desde muito jovem, comprando os que o atraíam pela "sua forma e cor". Contudo, acabaria por se dedicar ao verdadeiro colecionismo em 2020. "Com a chegada da pandemia conheci um colecionista no Instagram e deixei de acumular lápis para começar a organizá-los e a classificá-los", explicou.
Para a psicóloga italiana Sandra Gargiulo, uma das colecionadoras presentes, são os lápis dos museus que mais a cativam. A aquisição de um primeiro lápis, numa visita que efetuou a um museu, viria a direcionar a sua preferência de colecionismo. Dos 9200 lápis da sua coleção, 1500 estão relacionados com museus. "Trabalho muito na coleção, separando aqueles que são dos museus dos restantes, porque são os que mais gosto", explicou.
Entre os presentes no encontro de colecionadores contaram-se ainda outro tipo de entusiastas, como Javier Del Olmo e Esther Vilas, proprietários da coleção "Del Olmo & Vilas", a mais importante coleção de artes gráficas em Espanha e uma referência internacional nesta matéria.
Na sua posse estão documentos importantes relacionados com a origem da escritura, passando por objetos onde não faltam manuais de caligrafia famosos e, claro, os lápis.
José Vieira, proprietário da Viarco, onde decorre o encontro de colecionadores, mostrou-se satisfeito com a iniciativa. "É muito importante ter na Viarco pessoas que gostam dos lápis, que promovem e divulgam este objeto. Ao longo dos tempos, o lápis ganhou diversas funções, levando a muitas possibilidades de coleção, preservando memórias", referiu.