O presidente da direção dos Amigos do Coliseu do Porto alertou para o risco de encerramento daquele equipamento caso não seja encontrada uma solução de financiamento entre os sócios fundadores que dê resposta às recorrentes contas negativas.
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"O Coliseu nesta situação ou tem algum apoio ou não sobrevive", afirmou José António Barros à margem da Assembleia-geral anual de associados que hoje decorreu, tendo como ponto na ordem de trabalhos a apreciação do relatório da direção e contas do exercício de 2013.
O documento, a que a Lusa teve acesso, apresenta um resultado negativo em cerca de 130 mil euros relativo ao ano passado e um passivo total de quase 400 mil euros.
Para António Barros, este "não é um resultado que assuste" e "a situação financeira do coliseu suportaria este resultado sem qualquer risco, se não fosse recorrente".
O presidente defendeu que o Coliseu do Porto "tem uma estrutura financeira muito leve", necessitando apenas de "150 a 200 mil euros por ano" para se manter em funcionamento.
Lembrou o acordo que existia desde 2000 com o Ministério da Cultura e que "tinha um valor inicial de 250 mil euros por ano, com a contrapartida de apresentação de duas óperas de produção integral", verba essa que "foi sucessivamente reduzida" até aos atuais 100 mil euros, para igual produção.
Por isso mesmo, e caso não haja um "apoio mínimo", António José Barros teme que o futuro do Coliseu do Porto não seja "muito risonho", sublinhando que aquele equipamento cultural "precisa novamente da cidade" porque "não pode morrer".
Da ordem de trabalhos da Assembleia constava ainda a eleição dos órgãos sociais para o triénio 2014-2016 , mas a atual direção - que perante esta situação não está disponível para continuar no cargo - pediu um adiamento, considerando que não estão "criadas condições para assegurar a manutenção do coliseu".
"Pede-se um adiamento (...) esperando que haja um entendimento entre os sócios fundadores (secretaria de Estado da Cultura, Câmara do Porto e Área Metropolitana do Porto) que permita encontrar uma qualquer situação financeira que viabilize o Coliseu do Porto", explicou o presidente da direção cujo mandato terminou hoje, não sendo renovado até nova Assembleia-geral que deve ser agendada num prazo máximo de 90 dias.
António Barros garantiu que "se forem criadas condições mínimas para o Coliseu do Porto continuar a existir" terá o "mesmo gosto ou mais em continuar" no cargo que ocupa há 18 anos, "numa causa cívica e com amor".
A 30 de maio o Conselho Metropolitano do Porto (CmP) e a Câmara do Porto anunciaram que iriam solicitar ao secretário de Estado da Cultura uma reunião "com caráter de urgência" para discutir "a situação financeira grave" do Coliseu do Porto.
Em 1995, em nome da preservação da sala de espetáculos, nasceu a Associação Amigos do Coliseu contra a venda do Coliseu à Igreja Universal do Reino de Deus.