Chuva e tempo húmido atrasam pinturas em falta. Só "o S. Pedro" pode ajudar a terminar obra a 31 de março.
Corpo do artigo
Só daqui a 30 anos - ou mais - é que se voltará a pensar numa nova intervenção no tabuleiro inferior da Ponte Luís I, entre o Porto e Gaia. Para já, a data de inauguração da travessia está na corda bamba. A Infraestruturas de Portugal (IP) mantém o dia 31 de março como prazo para conclusão dos trabalhos, mas admite que tudo depende da meteorologia. Isto porque ainda há pinturas por fazer e, com as oscilações de temperatura e de humidade dos últimos dias, a tinta não seca. "Só podemos fazer as pinturas quando temos as melhores condições. Não podemos ultrapassar a qualidade para cumprir o prazo. Temos de ter a ajuda do S. Pedro", observa Joana Moita, diretora de fiscalização da obra de requalificação.
No pior dos cenários, a travessia renovada reabrirá ao trânsito na primeira semana de abril. Manterá a sua função rodoviária e a intenção de transformar aquele tabuleiro num circuito exclusivamente pedonal não deverá concretizar-se num futuro próximo, já que ficou deserto o concurso público da travessia que iria encarregar-se de o substituir nessa função (a ponte D. António Francisco dos Santos).
Turistas de regresso
Por terminar está também a laje de transição do lado de Gaia, onde será instalado um aparelho oleodinâmico (que permitirá à ponte resistir a sismos) e o reforço de algumas peças. "Mas estamos a fazer todos os possíveis para cumprir a data de final do mês", reforça a diretora da fiscalização.
Por entre os novos passeios pintados de cinza escuro, a cor original, a ponte enche-se novamente de turistas e curiosos, de telemóveis em punho para fotografar a paisagem do Porto com o Douro aos pés.
Dos 4,2 milhões de euros que custou a obra (subiu cerca de um milhão de euros face ao valor inicial), 500 mil foram gastos só para decapagem com jato de areia de peças e respetivas pinturas. Além disso, perante o elevado estado de degradação, foram colocadas 250 toneladas de aço novo. Grande parte desse material não estava prevista.
"Só após a demolição do pavimento é que pudemos chegar à zona dos aparelhos de apoio e vigas principais", que estavam "em muito mau estado", admite Joana Moita. A situação agravou-se também com a guerra na Ucrânia, obrigando o empreiteiro "a arranjar outros fornecedores". Para um único aparelho de apoio (são quatro) são precisos 700 quilos de aço.
Com todas as condições necessárias para sobreviver mais 30 anos, "a próxima intervenção [na Ponte Luís I] há de ser o arco", admite Joana Moita, acreditando que "agora, certamente, serão espoletados processos internos" nesse sentido.