Os empresários das zonas intervencionadas pelas obras anunciadas pela Câmara Municipal de Lisboa, que vão obrigar a fortes restrições na circulação rodoviária na Baixa e zona ribeirinha da cidade, dizem que faltou informação atempada e questionam a autarquia sobre a forma como serão garantidos os abastecimentos.
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A União de Associações de Comércio e Serviços (UACS) de Lisboa deu ontem conta de uma "profunda preocupação e estranheza" perante a forma como tomou conhecimento das alterações de mobilidade em Lisboa, as quais terão uma "prolongada e profunda repercussão negativa" no tecido empresarial da cidade, em particular o das zonas histórica e ribeirinha, "nevrálgicas para os setores do comércio e serviços e, consequentemente, para o abastecimento da população residente e visitante".
Em comunicado enviado às redações, a associação sublinha que "as medidas a executar terão, nalguns casos, a duração mínima de dois anos, e severos impactos na circulação rodoviária e na atividade de muitos dos operadores económicos da cidade, que urge absolutamente acautelar".
A menos de uma semana do arranque do novo esquema de circulação, os empresários questionam a Câmara Municipal de Lisboa (CML) sobre questões práticas, decorrentes das interdições. "Como serão garantidos os abastecimentos na Baixa Pombalina, com a anunciada proibição do acesso de veículos pesados (com mais de 3,5 toneladas, que são a vasta maioria), no período entre as 8 e as 20 horas?", perguntam.
Para quando e melhoria da qualidade de transportes públicos
No comunicado, outra questão reflete as preocupações dos agentes económicos: "que apoios serão garantidos às pequenas empresas no sentido de ajudar a fazer face aos custos acrescidos com receção de mercadorias em período noturno e às inevitáveis quebras de faturação nos períodos de interdição?".
"Para quando a melhoria da qualidade de transportes públicos", acrescenta a UACS nas questões à autarquia.
Os comerciantes referem que não estão contra as obras na cidade - plano de drenagem e expansão do metro - mas consideram que pecam por aparente falta de coordenação e planeamento, e por ausência de medidas mitigadoras e condições alternativas de mobilidade e acessibilidade capazes de corresponder às necessidades das populações.
As medidas anunciadas esta semana pela CML ditam vastas restrições ao trânsito em toda a Baixa e na zona Ribeirinha, desde Santa Apolónia a Santos.