Câmara diz que tem recebido queixas de munícipes e que está a tentar gerir "de forma equilibrada" todos os interesses.
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Os comerciantes da Rua das Flores estão contra a redução das esplanadas, de três para dois metros, acusando a Câmara do Porto de estar a tomar uma medida "de forma unilateral" que vai penalizar os seus negócios, uma vez que os espaços exteriores representam 80% da faturação. A Autarquia alega que tem recebido muitas queixas de munícipes sobre a falta de espaço de circulação e garante que está a tentar gerir, "de forma equilibrada", todos os interesses.
A medida está a ser aplicada em todo o município, numa lógica de regresso à normalidade pós-covid. "O que resulta em ruas com elevada pressão pedonal que, associada a várias obras em curso na cidade, exigem que no Município do Porto sejam implementadas medidas que respondam à conjugação destas necessidades com as ocupações do espaço público, incluindo as esplanadas", explica a Câmara.
Nesse âmbito, muitos dos comerciantes que pedem a renovação anual da licença de esplanadas estão a ser confrontados com a exigência de uma diminuição de três para dois metros. É o caso dos lojistas da Rua das Flores, alguns dos quais garantindo que, assim, apenas irão conseguir ficar com quatro mesas.
"Precisamos de ajuda"
José Passos, um dos proprietários do restaurante Impar, admite que consegue encaixar as mesmas mesas que possui nos dois metros. Mas com perda de conforto para os clientes. "Fiquei com uma loja de "indianos" ao lado para aumentar o restaurante. Somos portuenses, nascidos e criados. Também somos parte integrante da cidade", diz.
Para o empresário, trata-se de uma "situação ridícula". "O projeto de licenciamento da nossa esplanada foi feito por uma arquiteta, seguindo as regras do Plano Diretor Municipal. Estamos a fazer um esforço para dar melhor ambiente à cidade. Precisamos de mais apoios", vinca.
José Passos duvida que as queixas mencionadas pela Autarquia sejam de munícipes. "Até podem ser da concorrência", atira. "A haver queixas, só se forem da concorrência. Não estou a ver um turista a ir à Câmara dizer que não consegue passar", concorda Luís Ferreira, proprietário do "The World Needs Nata".
"Abrimos o negócio há 12 anos, com expectativas legítimas. Num dia de bom tempo, 80% da faturação é feita na esplanada. Estão a pôr em risco postos de trabalho e a sobrevivência da loja", avisa Luís Ferreira, admitindo vender o estabelecimento.