Contentores na Estação da Trindade, transformados em galerias, vão receber comerciantes prejudicados pelas obras de construção da Linha Rosa. Mas lojistas pedem mais ajuda.
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Na praça da estação do metro do Porto na Trindade estão a ser instaladas galerias em contentores. Essas lojas temporárias e em regime de rotatividade serão extensões das que já existem no Largo dos Loios e na Rua do Almada, numa espécie de compensação pelos impactos negativos no tecido comercial na Baixa portuense provocado pela construção da Linha Rosa, que ficará concluída a 31 de dezembro de 2024. Contudo, os comerciantes afirmam que a ajuda não chega e querem indemnizações justas pelos prejuízos.
"Os comerciantes estão desesperados porque querem dar-lhes indemnizações com base na faturação feita durante a pandemia. Há dias que não sirvo um almoço ou jantar!", conta Fernando Carvalho, dono do Restaurante Avenida, sitiado pelo estaleiro do metro.
O único acesso ao restaurante ou à confeitaria Ateneia faz-se por um bocado de passeio, sem saída. As esplanadas de ambos os estabelecimentos estão vazias, enquanto centenas de turistas passeiam pelo outro lado do estaleiro rumo à Estação de S. Bento onde se encontra o contentor cedido pela Metro para a instalação da Farmácia Vitália. "Queremos sentar e falar com os responsáveis pela Metro, empresa que não está a portar-se como pessoa de bem", refere Armindo Cosme, diretor técnico da Vitália que quer ser compensado pelas quebras face a 2019 e pelos prejuízos na ordem dos 25% da faturação. "Já estou com dificuldades em pagar salários e alguns funcionários ainda não receberam o mês passado", acrescenta.
O objetivo é ir libertando espaços ocupados pelos estaleiros à medida que a obra vai prosseguindo. As áreas de circulação pedonal tornam-se mais amplas, tal como já é visível no Largo dos Loios, por ventura a zona mais sacrificada pela abertura da galeria que criará os acessos à linha subterrânea.
diálogo
"Mesmo assim foi necessário encontrar uma solução sempre em diálogo com os lojistas e a Associação dos Comerciantes e temos já também uma sociedade externa e independente a tratar de algumas dezenas de pedidos de indemnização", explica fonte da Metro. Para já não há resultado da avaliação.
Na praça em frente à Estação da Trindade estão já os quatro contentores pintados de verde e decorados com relva sintética e flores e pássaros pintados de forma a não provocar impacto com a vegetação envolvente e o verde da cobertura da gare. Serão extensões da Papelaria Modelo, da Livraria Figueirinhas e da loja de roupa, calçado e acessórios The Feeting Room.
"Abrimos antes da pandemia e logo a seguir começaram as obras. Por isso esta pequena loja vai ajudar na retoma . Vamos apostar em produtos ofertáveis até porque está a chegar o Natal mas também teremos um café com esplanada e atividades culturais", explica o sócio-gerente, Edgar Ferreira.
Esperançada mostra-se também Magali Marinho, dona da Papelaria Modelo. Sabe que o pequeno contentor "não vai resolver o problema dos prejuízos causados pela obra mas é uma ajuda". Professores, artistas plásticos, estudantes de belas artes, muito deixaram de aparecer na loja do Largo dos Loios devido ao incómodo de se fazer um enorme desvio para ali chegar.