A Companhia de Teatro de Braga (CTB) estreia, dia 9 de junho, no Mosteiro de Tibães, a sua 150.ª produção, a peça "A língua em pedaços" do dramaturgo e diretor espanhol Juan Mayorga.
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O espetáculo, que está em palco até ao dia 22 e está a ser ensaiado na cozinha do Mosteiro, é dirigido por Ignácio Garcia, diretor do Festival Internacional de Teatro Clássico de Almagro/Espanha, que já trabalhou com a CTB em «História do Cerco de Lisboa» e «Gostava de Estar Viva para Vê-los Sofrer».
A peça - disse ao JN o diretor da CTB, Rui Madeira -, tem ainda a assinatura do mestre da cenografia portuguesa e europeia, José Manuel Castanheira e da figurinista Manuela Bronze. Conta com a participação dos atores convidados Paulo Pinto e atriz bracarense Ana Cris.
Submergir o espectador
Rui Madeira salienta que "a proposta de encenação de «A Língua em Pedaços» na cozinha do Mosteiro de Tibães pretende submergir o espectador no universo espiritual do século XVI ibérico e na sua mística particular".
Tal é feito "através de uma viagem de sensações: a cozinha e os seus aromas, o fumo da lenha misturado no ar com o som afastado das madres entoando as suas orações, a obscuridade conventual à luz da lareira e das velas, e o silêncio em que Deus se introduz nas feridas dos homens, são o território desta criação, na qual o público ocupa o lugar das irmãs do convento esperando a humilde comida. A refeição que Santa Teresa cozinha durante a conversa, as «patatas revolconas» ou «patatas a lo pobre», serão servidas para serem degustadas em silêncio, com a leitura de fundo do Evangelho e de passagens sobre a filosofia do amor teresiano, com o intuito de submergir o espectador nesse universo e nesse pensamento transformador onde a comunhão na palavra (a do convento e a do teatro) tem um fim catártico".