O PCP considera "um erro de fundo" a implementação das soluções apontadas por um estudo de 2021 para a resolução do problema de tráfego na Via de Cintura Interna (VCI), no Porto. Entre as medidas está a colocação de portagens.
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Na sequência das declarações do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que, na semana passada, adiantou que uma resolução para o problema do trânsito da VCI poderá estar para breve, com a revisão e introdução de medidas propostas num estudo de 2021, o PCP alerta que as soluções previstas são "contrárias às necessidades da região e de todos os que nela vivem e trabalham".
Recorde-se que o estudo elaborado há três anos envolveu o Ministério das Infraestruturas, a Infraestruturas de Portugal e as câmaras do Porto, Matosinhos e Maia.
Lembrando que "o estudo de 2021 era feito numa lógica de redução do tráfego a partir da introdução de portagens na VCI e a introdução ou deslocação de pórticos em autoestradas confluentes (A3, A4, A28, A41)", os comunistas, afirmam, em comunicado, que o documento, cuja revisão o ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, pediu que fosse feita no prazo de 15 dias, "ignora por completo a realidade e a evolução da população no Grande Porto, nomeadamente as dezenas de milhares de pessoas que foram expulsas das cidades, mas têm que regressar todos os dias para trabalhar, num processo que prossegue fruto da especulação imobiliária que a política de direita continua a promover".
"A absolutização da resposta ao problema do transito na VCI na existência de portagens em locais específicos é um erro de fundo que governo e autarcas da Área Metropolitana do Porto insistem em tentar impor, ao mesmo tempo que tem recusado propostas concretas apresentadas pelo PCP, designadamente ao nível da Assembleia Municipal do Porto, onde os deputados da CDU propuseram a isenção das portagens e avaliação do seu impacto, ou a colocação de meios de intervenção rápida junto à VCI com vista à redução do tempo de resolução dos acidentes", sustentam, ainda, os comunistas, que "condenam as soluções que governo e autarcas estão a construir".
De acordo com o Partido Comunista, "o caminho necessário não é a introdução de portagens na VCI e na A28, nem manter portagens na A4 ou A41 com deslocação dos seus pórticos. O caminho tem que passar pela revogação das portagens na Área Metropolitana do Porto e pelo reforço efetivo do transporte público". Acrescenta a Direção da Organização Regional do Porto do PCP que "não há alternativa ao transporte individual enquanto os comboios suburbanos continuarem sobrelotados em hora de ponta, enquanto não se aproveitar o potencial da linha de Leixões (com ligação a Ermesinde) para o transporte de passageiros, enquanto se continuar a remeter a rede STCP cada vez mais só à cidade do Porto e se mantiver o caos na rede UNIR".
Os comunistas lembram também que a solução passa, ainda, pela construção das "linhas do Metro do Porto há muito anunciadas (Trofa; Gondomar, via Valbom, com ligação ulterior a Fânzeres; Linha das Devesas; Linha do Campo Alegre, com ligação a Matosinhos Sul; linha de São Mamede; Linha da Maia, partindo da zona do Hospital São João)".
No mesmo comunicado, o PCP aponta "o papel ausente neste processo da Área Metropolitana do Porto, confirmando a sua inutilidade e incapacidade política e a necessidade da criação das regiões administrativas que contemple a instituição das Áreas Metropolitanas enquanto autarquias dotadas de meios e competências próprias e poderes efetivos e a consequente extinção das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional".