Tocadores e cantadores em destaque na festa que marca o fim das grandes romarias do Minho.
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Mais de duas centenas de tocadores de concertina deram, anteontem à noite, o mote para o arranque das Feiras Novas, as festas do concelho de Ponte de Lima que encerram o ciclo das grandes romarias minhotas. Certame decorre até segunda-feira.
Saídas da zona das escolas, as rusgas, integradas por músicos oriundos de quase todas as freguesias do concelho, evoluíram avenida abaixo, em direcção ao monumento ao tocador erguido há seis anos pela autarquia, no Largo de S. José. "É a homenagem à concertina! É disso que se trata", resume o presidente da comissão de festas e vereador com o pelouro da Cultura na Câmara limiana, Franclim Sousa, explicando, assim, a prestação dos 230 tocadores, em pleno coração da vila.
Enquanto a esmagadora maioria rumava, depois, em direcção ao Largo de Camões, António da Costa Gonçalves, que tornar-se-ia conhecido pela alcunha de "Félix", deixava-se ficar junto à estátua, por si chamada de "irmão". "Enquanto houver saúde não vou deixar as festas. De modo algum", garantia o músico, de 94 anos, com a concertina ao colo.
Há muito consagrada às rusgas, a noite de amanhã deverá ser animada por cerca de quatro centenas de tocadores, músicos esses oriundos "um pouco de todo o Norte do país, que têm em Ponte de Lima o seu principal palco", vaticina Franclim Sousa, assinalando que o programa inovou, desta feita, ao destinar uma noite "a cantadores e cantadeiras". "É actividade que carece de incentivo. Temos escolas para aprender a tocar concertina, mas não as há para cantar ao desafio", esgrime.
Do programa de hoje, destaque para uma homenagem a Carlos Paião, participada por Inês Santos e Pedro Miguéis. Tido como dos quadros mais emblemáticos das festas, o cortejo sai, amanhã, à rua.
Aludindo à segurança das diversões instaladas no areal do Lima, Franclim Sousa observa que os equipamentos começaram, ontem, a ser vistoriados por técnicos do Instituto Electrotécnico Português, entidade que "colabora com a comissão de festas na fiscalização das diversas estruturas". Sobre as diversões, assinalou, ainda, que algumas "foram encerradas, por um dia, pela ASAE (no começo do mês), por falta de competentes licenças municipais, já emitidas".
Com um custo estimado em 250 mil euros - valor semelhante ao da romaria do ano passado, ressalva a organização -, as festas de Ponte de Lima encerram na segunda-feira, dia da procissão em honra de Nossa Senhora das Dores (16,30 horas).