Circulação rodoviária foi restabelecida oito meses depois de um deslizamento de terras ter provocado o corte da estrada.
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Oito meses depois de um deslizamento de terras ter causado o abatimento de um troço do IC2, em Serém, Águeda, provocando uma cratera de grandes dimensões, foi reaberta, esta segunda-feira, a circulação rodoviária no local. A empreitada da Infraestruturas de Portugal (IP), que implicou um investimento de 3,2 milhões de euros, demorou menos de três meses a ser concluída e terminou cerca de um mês antes do previsto. Mas, até ao arranque da obra, houve quase meio ano de espera, devido a questões burocráticas.
No final de agosto, a IP consignou a empreitada, que se previa demorar três meses e meio a terminar. “Estamos a antecipar, em relação ao prazo que anunciámos. Ainda há alguns acabamentos e trabalhos complementares a serem feitos, mas a urgência era assegurar que a circulação rodoviária fosse restabelecida”, sublinhou Miguel Cruz, presidente do Conselho de Administração da IP, minutos antes da reabertura daquele troço do IC2 ao trânsito.
Segundo o responsável pela IP, a obra em causa “foi muito complexa”, uma vez que “era necessário garantir que, de futuro, uma situação destas não volta a ocorrer”. E a demora no arranque deveu-se, também, à obrigatoriedade de cumprir “todos os procedimentos de contratação pública, nas várias fases do projeto”.
Jorge Almeida, presidente da Câmara de Águeda, que nos primeiros meses apelou, publicamente, a mais agilidade no processo, apelidou o trabalho da IP de “notável”, mas manteve a chamada de atenção ao Governo para a necessidade de celeridade na solução de problemas semelhantes. “Tudo o que é contratação pública parte de um princípio que é a própria administração desconfiar da administração. E quando estamos todos desconfiados uns dos outros, a achar que toda a gente é desonesta, temos de fazer as coisas com todo o rigor”, frisou o autarca.
Evento climatérico
Depois da conclusão da empreitada, contudo, Jorge Almeida mostrou-se satisfeito com o resultado: “A obra está para ficar, aqui não vai acontecer nada. É completamente sólida. Tem milhares de metros cúbicos de pedra debaixo de nós, num sítio que até aqui era um aterro de areia”.
As causas do incidente, segundo a IP, prenderam-se precisamente com a saturação dos solos. “O que tivemos aqui foi um evento climatérico extremo. Houve uma quantidade de água muito significativa, pois choveu muito, durante um período curto, com grande intensidade. Os solos atingiram um nível de saturação muito grande, o que causou a derrocada”, deixou claro Miguel Cruz.
O responsável frisou, ainda, que “cada vez mais ocorrem eventos desta natureza” e que “o importante é assegurar, no planeamento de novas obras, que são introduzidos mecanismos que possam minimizar os seus impactos”. Alguns populares, presentes no momento da reabertura do troço ao trânsito, aplaudiram o fim das obras.