GNR emitiu cerca de 60 contraordenações a prostitutas e clientes. Câmara de Lousada aproveitou iniciativa e destruiu barracos usados para a prática de atos sexuais.
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A GNR utilizou a lei criada para combater a pandemia da covid-19 para acabar com uma zona de prostituição existente, há décadas, na mata de Lustosa, em Lousada. Nos últimos dois meses, a Guarda emitiu cerca de 60 contraordenações por violação do dever geral de recolhimento domiciliário e da limitação de circulação entre concelhos a prostitutas e a clientes que, obrigados a pagar multas de 200 ou mais euros, abandonaram um local que continua a ser fiscalizado diariamente.
A Câmara de Lousada associou-se à iniciativa e destruiu os barracos construídos na berma da estrada que davam guarida às mulheres e eram usados para relações sexuais.
Era à face da EN 502, que leva à Zona Industrial de Lustosa, dominada pelo aterro que recebe parte dos resíduos do Vale do Sousa, que mais de uma dezena de mulheres tentava, com roupas provocantes, atrair o maior número de homens para a prática de atos sexuais, a troco de dinheiro. A exposição era diária, repetiu-se por décadas e resistiu a todas as tentativas de extinção.
Até que a GNR aproveitou a atual pandemia para multar prostitutas e clientes. Entre fevereiro e abril, mais de 60 autos de contraordenação foram emitidos com a justificação de que mulheres e homens à procura de sexo estavam a violar o dever geral de recolhimento domiciliário e a limitação de circulação entre concelhos impostos pelo estado de emergência.
Saúde pública em causa
A GNR confirma as multas, mas não avança com mais explicações. Já a Autarquia lousadense refere que quase todos os clientes multados eram "de fora do concelho, de locais como Paços de Ferreira, Vizela, Felgueiras, Santo Tirso e Guimarães". "A prostituição em Lustosa é um problema que se arrasta há décadas e com implicações na saúde pública, na sociedade e, tendo em conta algumas redes criminosas que ali atuavam, na segurança da comunidade", afirma o vereador Nélson Oliveira.
O autarca declara que, por esta razão, a Câmara aproveitou a iniciativa da GNR e avançou com retroescavadoras para destruir os barracos que abrigavam as prostitutas. "Com a colaboração dos bombeiros, também realizámos valas nos caminhos de acesso à mata. Agora, já não é possível a um carro ligeiro introduzir-se na mata e ser usado na prática de atos sexuais. O objetivo é terminar com o foco de prostituição naquele local", acrescenta.