A fábrica de conservas Gencoal, situada nas Caxinas, Vila do Conde, anunciou o despedimento de 97 trabalhadores.
Corpo do artigo
A empresa, que pertence ao grupo italiano Generale Conserve, justifica-se com um “contexto adverso”, mas a verdade é que a redução de pessoal chega em contraciclo com o crescimento do setor das conservas e apanhou os trabalhadores de surpresa.
“Fomos completamente apanhados de surpresa”, afirmou, ao JN, o coordenador do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e Bebidas (STIANOR), José Armando Correia.
Os 97 trabalhadores já foram informados do despedimento coletivo por carta, entregue a 14 de março. A Gencoal emprega atualmente 277 pessoas. Com este despedimento, a empresa dispensa mais de um terço da sua força de trabalho.
“Há a intenção de despedir. Os funcionários já foram avisados e já sabem quem são os que estão indicados para sair. Agora, nós vamos impugnar este despedimento”, continuou a explicar Armando Correia. Por enquanto, há já uma reunião com todos os trabalhadores marcada para o próximo dia 26 de março. No mesmo dia, sindicato e funcionários serão recebidos pela Câmara.
A empresa, recorde-se, foi salva da falência em 2009 pela Generale Conserve. Produz conservas de cavala e salmão, destinadas à revenda pelo grupo italiano. Nos últimos tempos, justifica-se na carta enviada aos trabalhadores, enfrentou várias contingências, incluindo ruturas nas cadeias de abastecimento e aumento dos custos das matérias-primas e energia. As dificuldades fizeram cair as vendas da empresa-mãe e, sendo esta o único cliente da Gencoal, afetaram diretamente a fábrica de Vila do Conde. Agora, a Gencoal diz não ter outra opção senão reduzir o quadro de pessoal e tentar, assim, salvar a empresa.
Durante a pandemia, a Gencoal chegou a empregar mais de 450 pessoas. Desde então, tem vindo a reduzir os funcionários. Em novembro, conforme o JN noticiou, as trabalhadoras fizeram greve. Exigiam aumentos salariais e melhores condições de trabalho. Agora, chega o despedimento, numa altura em que o setor das conservas cresce em Portugal, com investimentos significativos e aumento considerável das exportações.